Menu

quarta-feira, 20 de março de 2013

M Poetica: A Arte de Conexão e Desafio de MJ : Stranger in Moscow






Stranger in Moscow

 

Esta é a maldita paisagem que Jackson habita em Stranger in Moscow, do álbum de 1995 dele, HIStory. E, novamente, ele faz uma pergunta ética, embora dessa vez seja uma persona singular: o que o artista deveria fazer, quando o público se volta contra ele, e a fonte de inspiração dele – ou seja, o relacionamento dele com crianças, a e energia criativa da infância – se tornou suspeita?
Como em Billie Jean, ele caminha consigo, enquanto pondera sobre o que fazer; com o que está em torno dele, mais uma vez, refletindo a jornada psicológica dele. A “veloz e repentina queda da graça” o tem deixado “sozinho e frio por dentro/ Como um estranho em Moscow”. Mas mesmo nesse estado angustiante, ele continua sintonizado com as pessoas em volta dele: o homem só em um apartamento, uma mulher em uma cafeteria, um mendigo, um negociante, um adolescente vendo outras crianças jogando bola. Ele entende que eles estão sós e tristes e que têm os próprios tormentos. Ele é apenas uma das milhares de pessoas que sofrem, e a solução não é fácil. Alguém atira uma moeda para o mendigo, exatamente como Jackson fez com o bêbado em Billie Jean, mas agora, nós estamos olhando para a transação do ponto de vista do mendigo, vendo a moeda cair em direção a ele/ nós. Mas dessa vez, ele não se transforma; ele é apenas um mendigo com uma moeda. Dinheiro não pode consertar isso.
Começa a chover, basicamente um símbolo universal para tempos ruins, e as letras confirmam isso: “Dias ensolarados parecem distantes... De novo e de novo e de novo isso vem./ Queria que a chuva apenas me deixasse estar.” Os adultos se encurvam, blindando-se contra a chuva e se sentindo ainda mais tristes e isolados. De repente, nós escutamos um grito excitado, e, então, um pequeno grupo de crianças vem espalhando água do aguaceiro. Como as empobrecidas, mas alegres crianças em Jam, elas aceitam os tempos difíceis e estão alegres de qualquer forma.
A energia criativa da infância ainda existe, e ainda tem a capacidade de inspirar. Através delas, o significado da chuva, em si, é transformado de dificuldades para um tipo de batismo, uma fonte de renovação. Uma a um, os adultos, estende uma mão para a chuva e começa a se aventurar.
No fim do vídeo, Jackson está na chuva também, completamente encharcado, ele atira a cabeça para trás e o cabelo molhado forma arcos sobre ele. Daí, ele fica de pé com os braços estendidos, a chuva caindo. É um notável gesto, desde que essa era uma pose característica para ele, quando ele estava em concerto – uma que ele tipicamente adotava durante os aplausos de uma audiência, como se ele estivesse tentando reunir tudo isso, como um enorme buquê de flores, sem deixar que nenhuma delas caísse. No entanto, aqui ele não está sendo banhado em aplausos, mas em condenações, e os braços dele caem com o peso delas. Mas ele decide aceitar esses tempos difíceis, exatamente como ele uma vez aceitou os aplausos, e, embora ele não esteja feliz, talvez como as crianças que estão correndo, ele irá encontrar isso dentro dele mesmo, para ter momentos de alegria na chuva também.