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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Lupus, Vitiligo, Plásticas e O Conceito de Auto-ódio


 

Lúpus, Vitiligo, Cirurgia Plástica e O Conceito de "auto-ódio". Será que Michael Jackson queria ficar branco?

 


Traduzido por Daniela Ferreira
Comentários em azul são da tradutora

 

Coincidências interessantes às vezes acontecem. Há uma semana, as acusações de que Michael Jackson se “autodesprezava por ser negro” impressionou-me tanto que decidi escrever algumas palavras sobre essa alegação – tocando sobre a saúde de Michael no caminho, e aqui estamos – certo Dr. Drew Pinsky, de repente, usa o programa de TV dele para divulgar as velhas mentiras sobre o nariz de Michael "caindo" e convida os chamados “amigos” de Michael Jackson (Brian Oxman e Deepak Chopra) para falar nada bem dele, exceto que ele era um “viciado”.

Surpreendentemente, mas o meu post também vai ser sobre a aparência de Michael e até mesmo alguns problemas relacionados com o vício e eu também citarei um ex-associado de Michael Jackson – Dr. Arnold Klein, que não é considerado amigo de Michael, de jeito nenhum, no entanto, é esse homem que vai nos garantir que o nariz de Michael estava muito no lugar e que Michael conseguiu se livar do vício em Demerol. Além disso, é este não-amigo que nos ajudará a entender como as drogas foram introduzidas na vida de Michael e quem é responsável por isso.

Nestes dias de batalha aberta para o bom nome de Michael Jackson é difícil dizer quem é amigo ou inimigo – algumas pessoas são definitivamente indecisas sobre de qual lado estão, e ficam indo e volatdndo. Hora de fazer sua escolha, rapazes – estamos quase lá e depois vai ser tarde demais.

Mas vamos começar de onde paramos a discussão sobre o alegado “autodesprezo por negros” de Michael. Um leitor levantou isso na seção de comentários e descobriu que algumas pessoas acreditavam nisso e aplicavam isso a Michael Jackson como a única explicação de por que ele se transformou de negro em branco e fez cirurgias plásticas no rosto.

 
FICANDO BRANCO 

Somente os surdos e cegos não sabem até agora que não era desejo de Michael de se tornar branco. A mudança na cor da pele dele foi devida ao Vitiligo, uma doença grave autoimune, que transformou a pele dele em porcelana branca e a vida dele em um pesadelo. Não poderia ser parada ou curada, foi um enorme obstáculo para o trabalho de Michael no palco e aparições públicas e, além de trazar grande sofrimento, foi considerado em todo o mundo como um sinal de que Michael querer trair a própria raça.

O site MJEOL perfeitamente redigiu: "Durante anos, Jackson viveu com uma acusação totalmente injusta, imerecida e sem fundamento, com base em algo contra que ele não podia fazer nada. Ele enfrentou todos os diabos e todas as piadas que foram feitas poderiam ter sido um enorme fardo sobre alguém que já estava totalmente auto-cosciente sobre a aparência dele”.

 


As filmagens de "They Don’t Care About Us" no Rio de Janeiro, em 1995. Maquiagen efetivamente cobrem a manchas escuras no vídeo real.


Eu creio que o vídeo pasa por edição e, assim, as manchas são escondidas.

Aqueles que ainda fazem piadas desagradáveis ​​sobre o desejo de Michael de “ficar branco” devem ser lembrados em uma base diária que esse tipo de comportamento por parte deles era mais ou menos tolerável, ​​quando as pessoas estavam no escuro sobre a doença de Michael. Repetir a mesma velha história, agora, depois que ele disse a Oprah e outros sobre o vitiligo e o diagnóstico foi confirmado por inúmeras fotos e até mesmo o relatório da autópsia é simplesmente monstruoso. Assim como é monstruoso rir das feridas dos outros.

Esse tipo de comportamento deve ser interrompido por uma mão de aço por todos que o vê, pois não se justifica de maneira nenhuma.

O dermatologista de Michael, Arnold Klein, disse em uma entrevista com Larry King, que o vitiligo de Michael foi muito ruim e a decisão final de “ficar branco” não foi de Michael.


KING: O que é vitiligo?

KLEIN: É uma perda de células de pigmento. E as células de pigmento, você – para cada 36 células normais em seu corpo, você tem uma célula de pigmento bombeando pigmento nelas. Infelizmente, é uma doença autoimune e o lúpus é uma doença autoimune. E elas tendem a ocorrer juntas, porque você produziz anticorpos contra as células de pigmento.

KING: Michael tinha isso?

KLEIN: Com certeza. Nós fizemos uma biopsia.

KING: O que provoca isso?

KLEIN: A causa disso é... É causada por seu sistema imunológico e seu sistema imunológico destrói as células de pigmento.

KING: As pessoas negras têm mais que os brancos?

KLEIN: Não. Mas é apenas mais visível em pessoas negras, porque eles têm uma pele escura. A outra coisa é que isso certamente ocorre com uma história familiar. E eu acredito que um dos parentes de Michael, de fato, tem vitiligo.

KING: Ele ficou muito mal?

KLEIN: Oh, ele ficou muito mal, porque ele começou a ter uma aparência totalmente salpicada sobre o corpo dele. E ele poderia...

KING: Sobre todo o corpo dele?

KLEIN: Em todo corpo, mas no rosto dele de forma mais significativa; nas mãos, que eram muito difíceis de tratar.

KING: Então, vamos deixar claro uma coisa. Ele não era alguém desejoso de ser branco?
KLEIN: Não. Michael era negro. Ele estava muito orgulhoso da herança negra dele. Ele mudou o mundo para os negros. Agora temos um presidente negro.
KING: Então, como você trata o vitiligo?
KLEIN: Bem, quero dizer que há certos tratamentos. Você tem uma escolha onde você pode usar determinadas drogas chamadas (inaudível) e tratamentos de luz ultravioleta para tentar fazer com que as manchas brancas fiquem escurar ou... Mas a dele se tornou tão grave, que a maneira mais fácil é usar cremes certos que farão as manchas escuras clarearem, assim você pode até mesmo retirar a pigmentação totalemte. 

Veja que Klein deixou claro que aopção por clarias o que restou da cor negra era a mais indicada para casos de vitiligo extenso como Michael tinha. Mas de qualquer forma, uma repigmentação com luz ultravioleta não seria posspivel. Michael tinha lupus eritomastose discoide e essa doença provoca feridas na pele quando exposta ao sol. Agora, o que é a luz ultravioleta senão a mesma radição que vem do sol? Um tratamento com UV mataria Michael, ou seja, era um beco sem saida.

KING: Então a sua decisão foi clareá-lo?

KLEIN: Bem, sim, isso é, em última análise, o que a decisão tinha que ser, porque havia vitiligo demais para lidar e...

KING: Caso contrário, ele teria parecido ridículo?

KLEIN: Bem, você não pode... Ele teria que usar maquiagem pesada, maquiagem pesada no palco, o que seria ridículo. E ele realmente não podia sair em público sem parecer terrivelemente diferente. 

Aqui está o vídeo deles conversando:


 A versão de Dr. Klein dos eventos são as mesmas palavras que a maquiadora de Michael, Karen Faye, usou para explicar por que Michael ficou branco, quase da noite para o dia (ou pelo menos alguns de nós tínhamos essa impressão). Karen Faye diz que primeiro tentou cobrir as manchas brancas com maquiagem escura, mas quando o vitiligo se tornou demasiadoextensa, eles tiveram que usar maquiagem clara, o que naturalmente provocou uma mudança quase imediata na aparência de Michael na cor oposta:


A mudança foi rapidamente notada pela mídia e foi atribuída a uma operação para “substituição de pele” a qual ele tinha, alegadamente, se sujeitado. Essa mentira foi tão eficaz que até mesmo em minha parte distante do mundo um grande número de pessoas inteligentes que acreditavam que a pele de Michael tinha sido substituída.

E isto apesar da ideia ser completamente ridícula, absurda e até mesmo delirante. Onde é que um homem negropega tanta pele branca? De um doador? Mas não há precedentes de uma substituição cirúrgica de pele em todo o corpo! A substituição máxima que eles fazem agora são remendos isolados de pele (quando ocorrer ferimentos, queimaduras) E como essas pessoas imaginam a substituição completa? Escalpelando-o compeltamente primeiro? E depois colando a pele de outra pessoa? Algumas pessoas devem ter assistido filmes de terror demais e não podem contar a vida como resultado de uma ficção!

A ideia é ridícula e até risível, mas só para comprovar a impossíbilidade disso, saiba que, quando uma pessoa é vpitima de queimadura grave e precisa de enchertos de pele, o corpo rejeita essa pele estranha. O que os médicos fazem é colocar pele retirada de cadáveres para proteger a vítima de queimadura, mas els sabem que é questão de tempo até que o corpo comece a se livrar da pele enchertada. Uma nova pele cresce – pele da própria pessoa – enquanto a enchertada é descartada pelo corpo. Isto é, se Michael tivesse trocado toda a pele (faça um esforço para imaginar algo tão absurdo), o corpo dele teria se livrado da pele estranha, e uma nova pele original (e negra) teria se formado.

Outros detratores acreditavam que Michael usou cremes para clarear a pele. Ele fez uso de alguns cremes branqueadores, como os médicos prescreviam, para fazer as manchas escuras parecer mais pálidas, mas esses cosméticos são um procedimento padrão para todos os pacientes com vitiligo, para poupá-los do constrangimento de enfrentar o público com uma aparencia de leopardo. E uma vez que o uso desses cremes é padrão, todas aquelas pistas sujas sobre “clareamento da pele dele” completamente perdem lugar. Não rimos de pessoas que usam creme dental para a higiene diária, rimos? Então por que todas as insinuações e risos sobre o “creme de clareamento encontrado na casa dele”? Por que não rir quando encontrar creme dental na casa de alguém, também?

Como todas as pessoas que sofrem de vitiligo, Michael ficava muito constrangido pela condição dele e confessou que tinha a doença apenas quando ele estava praticamente branco. Se ele tivesse dito isso antes a histeria sobre ele “querer ser branco”, provavelmente, poderia ter diminuído, mas sabendo que ninguém acreditava em Michael, mesmo depois da admissão dle, eu duvido que uma confissão antes tivesse feito muita diferença.

Em vez disso, poderiamos termos sido soterrados com fotos de Michael pintado, secretamente feitas por paparazzi, escndidos em alguns arbustos, e publicadas em todos os tabloides com manchetes escandalosas. Você pode imaginar as suculentas histórias que acompanhariam as fotos? Eu posso muito bem: “A aberração se tornando mais aberração que nunca”; "Um Terror Salpicado", “Você já está assustado?”.

Não; foi sábio ele não dizer nada até que ele se tornou de uma só cor, de novo.


O CONCEITO COMUM DE BELEZA

Mas a teoria do “autopreconceito racial” de Michael é baseada não só na mudança dramática da cor da pele. Muita conversa sobre esse assunto gira em torno da cirurgia plástica no rosto. Alguns têm certeza de que, dessa forma, Michael estava interessado em adquirir uma “aparencia branca” e que o desespero dele para “mudar a raça dele” era tão grande que ele supostamente fez mais de 50 operações. Após a entrevista de Bashir ir ao ar, a mídia escreveu:


No início desta semana, um especial da ‘Dateline NBC’ examinou a negação do cantor, que ele fez apenas duas operações de cirurgia plástica. Um médico que compartilhava um escritório com o cirurgião plástico de Michael Jackson alegou que o cantor pop teve mais de 50.”

Qual médico? Nome, por favor! E quanto ele poderia ver se ele apenas dividiu o escritório?

Contudo, não vamos perder tempo com essas pessoas que tentam evitar de voltar para o inferno (que é de onde eles vieram), a questão que precisamos buscar é se Michael realmente odiava a si mesmo por ser negro e se ele realmente “traiu a raça dele” por ter feito cirurgias plásticas no rosto.

Em primeiro lugar deixe-me dizer que a ideia de “autopreconceito racial”, como tal, e em aplicação à cirurgia cosmética, em particular, parece para mim uma construção mental tendenciosa e alatamente artificial. Você pode sentir que algo está basicamente errado com essa afirmação, mas não determinar onde está o erro. Tudo o que posso dizer é que a ideia é muito primitiva para explicar coisas que são, na verdade, muito mais complexas.

Infelizmente, o fenômeno da “autoódio” existe, embora eu fosse preferir chamá-lo autoinsatisfação ou não-aceitação de si mesmo do jeito que é. Mas chamar isso de fenomeno unicamente negro seria um exagero ridículo, para dizer o mínimo.

A verdade da questão é que a maioria das pessoas é incapaz de aceitar-se plenamente.  Insatisfação com nós mesmos é uma característica típica para a maioria de nós e é apenas o grau dela que varia de pessoa para pessoa. Esse fenômeno não é apenas uma das maiores forças motrizes humanas (uma vez que incentiva mudanças e trabalhar em si mesmo), mas também é um dos maiores males da vida (pois traz neuroses).

Tomadas em um contexto mais amplo, a incapacidade de sse aceitar não inclui apenasa aparência. Algumas pessoas não aceitam o peso e fazem dieta. Alguns estão descontentes com as capacidades intelectuais e dosn que a natueza lhes deu – eles queriam algo melhor ou mais. Alguns sofrem de falta de confiança em si próprios ou incapacidade de socializar adequadamente e tornam-se totalmente neuróticos, como resultado. Alguns têm dificuldade em aceitar a sexualidade ou posição social e isso pode provocar excessos enormes. No entanto, há uma coisa que é comum a todos nós – praticamente todos nós estamos insatisfeitos como parecemos.

Eu não conheço uma pessoa na minha vida que esteja totalmente feliz com a aparência dela. Algo está sempre erradonariz, orelhas, condição da pele, forma dos quadris, barriga, pernas ou a boca. Alguns têm o cabelo muito pouco ou não, alguns têm muito cabelo e não nos lugares certos, aqueles com cabelo encaracolado os desejam lisos, aqueles com cabelos lisos os querem encaracolados, e assim por diante; a lista pode continuar para sempre.

Insatisfação com a aparência é tão difundido que o conjunto da indústria da beleza é com base nesse conceito, assim, tornando-se tecnicamente possível chamar todos os usuários ávidos de produtos de beleza autoinimigos também. Essa seria uma afirmação absurda, claro, mas a popularidade de procedimentos cosméticos e maquiagens de todos os dias mostram que a autoinsatisfação e parcial não aceitação da própria aprência é uma coisa absolutamente rotineira, que mostra o desejo de cada um de nós para chegar a certo padrão – sim, o padrão ideal de beleza.

Eu não ficaria de repente falando sobre esse conceito, se não tivesse uma relação direta com Michael. Ele foi acusado por todos de um desejo de parecer mais atraente e a hipocrisia dessas acusações é simplesmente impressionante quando você olha para ele do ponto de vista de um grande número de nós que estão fortemente envolvidos em atividades semelhantes, nós mesmos.

Se alguns de nós não recorremos a procedimentos cosméticos, isso significa que ou são pessoas muito sábias que aprenderam a aceitar a si mesmas do jeito que são ou simplesmente é falta de meios para desfrutar de todas as coisas boas que a indústria da beleza pode nos oferecer. Considerando o último fator, eu suspeito fortemente que se tivéssemos o dinheiro não seriamos capazes de resistir a algumas das tentações cosméticas e também encontrar o que fazer para nossos rostos ou figuras (e com a idade também). 

Como você legitimamente, aconteceu que o ideal de beleza foi de alguma forma forçado no mundo pela raça branca, embora tenha começado a mudar sensivelmente nas últimas décadas. Mas mesmo apesar das novas tendências, a mente humana ainda é fortemente dominada pelos ideais que foram evoluindo ao longo dos séculos e que são implantados em nossas mentes sem nos darmos conta.

Como resultado disso, ou, provavelmente, porque o conceito de beleza é algo embutido em uma mente humana (?), eu arriscaria a dizer que há certa imagem mental de beleza que existe em forma abstrata para todas as pessoas do mundo independentemente da raça e cor da pele dela. Esse ideal de beleza inclui uma combinação de vários elementos obrigatórios – o mínimo de que são uma pele limpa e saudável, nariz reto e bem proporcionado, os olhos que são de preferência maiores, orelhas que não se destacam, lábios não muito finos, cabelo bom, etc.

E é engraçado, mas consideramos cabelo bom o cabelo liso, e o cabelo crespo é chamado ruim. Daí concui-se que o ideal de beleza são os traços da raça branca. 
 


Madonna Negra
A cor da pele não é tão importante porque é um fator menor, em comparação com as características faciais – se todos elementos acima estão presentes, o rosto permanece dentro de um certo padrão comum de beleza e a cor da pele é apenas um tempero que pouco acrescenta para o quadro inteiro. Olhe para os rostos bonitos de refugiados da fome no Chifre da África, que estão atualmente em telas de TV de todo mundo e você vai entender o que quero dizermuitos dos rostos são tão belamente modelados que, se não fosse a tragédia, muitas destas mulheres magras poderiam se tornar modelos. Os rostos delas ajudam a perceber que não é a cor da pele que faz com que uma pessoa seja bonita, mas os traços do rosto e as proporções.
O ponto que eu estou tentando fazer aqui é que a beleza não está na cor – a beleza está nas proporções do nosso rosto, o complexo que é registrado por nosso cérebro em algum nível muito básico reconhecido por todos.
Esse padrão universal de beleza tem levado muito tempo para formar e vai novamente levar algum tempo e alguns mecanismos psicológicos desconhecidos para fazer o nosso cérebro perceber a beleza de forma diferente. Não está em nosso poder mudar a percepção pública da massa do que é bonito e o que não é – especialmente desde que a mídia está fazendo o melhor que pode para que todos nós desejemos paracer o que eles consideram bonito no momento. No século seguinte, o conceito de beleza vai mudar e todos vão novamente tentar parecer de tal maneira – e isso é algo que simplesmente não pode ser evitado por qualquer um de nós.
O tema pode parecer ianda mais pertinente se você tiver em emnte que Michael via o próprio rosto como uma obra de arte, uma tela na qual ele esculpia, não necessariamente um padrão de beleza de acordo com um senso comum, mas o que ele julgava belo. Isso é uma longa discussão, que foi abordada em diversos artigos de Joie e Willa (do Dancing With the Elephants) e outras autoras como Susan Fast. Bem como o livro M. Poetica de Willa Stilwater
 
 Continua...