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domingo, 28 de outubro de 2012

Earth Song: Inside Michael Jackson's Magnum Opus (parte 5)

Faça Isto Grande


Jackson estava procurando por algo particularmente único e poderoso para o baixo. Ele escutou um som que ele realmente gostou no trabalho de Guy Pratt, um guitarrista renomado que estava tocando baixo, incidentalmente, com Pink Floyd naquela época. Pratt tinha, também, recentemente tocado no hit de Madona, “Like a Prayer” (da qual Bottrell foi engenheiro).

Através de Bottrell, Jackson estendeu o convite para trabalhar na faixa e Pratt aceitou. Depois de saber sobre a visão de Jackson para a música e escutar uma demo, ele criou uma massiva, experimental, linha de baixo de oitavo pedal no Westlake Studios. (28) O profundo som, de vibrar a alma, ouvido na gravação foi alcançado usando um oitavo divisor, assim, esse é o baixo que estava tocando em dois oitavos de uma vez. “Isso foi o que deu à musica a grandiosidade dela”, explica Bill Bottrell. (29)

Jackson adorou isso. Na verdade, o efeito foi impressionante para o mais exigente dos profissionais. “‘Earth Song’ tinha uma linha de baixo mais profunda que qualquer faixa que eu tinha ouvido”, disse Brad Buxer. “Ela é extraordinária. Normalmente, você pode mixar uma música para duas faixas em meia polegada analógica e ter um pouco mais de ímpeto no baixo, mas quando você mixa para digital, você não pode, porque isso irá desfigurar. Essa faixa tinha, de alegam forma, segurado mais dos elementos do baixo, ela é mais saturada – portanto, isso dá a sensação de um final mais baixo que um CD pode, verdadeiramente, segurar. Billy e Bruce [Swedien] eram mestres nisso. Há uma mágica em lapidar nessas frequências baixas, tirando certos elementos, assim, você pode ter outros elementos. Psicologicamente, isso fez o baixo soar tão rico e alto quanto possível. (30)

Logo depois da sessão de trabalho de Pratt, o baterista britânico, Steve Ferrone (quem tocou com Petty e os Heartbreakers) entrou para executar as partes da bateria. Jackson e Bottrell comunicaram o quão épico ela deveria ser, especialmente depois do segundo verso. 31 “Isto é este rítmico muito heroico de rock”, diz Bottrell. “E a bateria explode. Michael continuou dizendo: ‘Faça isto grande, faça isto grande.’” (32)

Uma vez que a maior parte da música estava no lugar, o legendário Coro Andraé Crouch (que anteriormente cantou em “Man In The Mirror” e participou de outras duas faixas de Dangerous) veio para cantar a parte deles no final épico da música. Toda a sessão foi filmada (com multiplicas câmeras) e revelou uma extraordinária cena de colaborativa energia: Jackson e Bottrell colocaram sons nos lugares e discutiam os arranjos; ensaios e ajustes finais foram feitos para a criação e equipamento. O coro se reuniu em um círculo e apresentou o magistral canto deles.

 “Nós demos a eles uma fita para ensaiar por poucos dias, antes do ensaio com o vocal guia de Michael”, recorda Bottrell, “e eles vieram com o mais maravilhoso arranjo”. (33) O grande som esférico foi capturado usando dois microfones Neumann M-49 e um vintage EMT 250, para reverberar. O resultado foi um clímax poderoso, dramático, com a natural energia de uma performance ao vivo.


Notas do autor:

 28. Em entrevistas e apresentações de comédia, Guy Pratt, contas muitas  diferentes estórias sobre as experiências dele, dizendo que Jackson estava escondido atrás de uma mesa de mixagem, dando instruções através de um guarda-costas Samoano. Eu fui informado, no entanto, que tais estórias são, notoriamente, inexatas.
29. Bill Bottrell. Entrevista Pessoal do Autor. 14 de maio de 2011.
30. Brad Buxer. Entrevista Pessoal do Autor. 17 de maio de 2011.
31. Durante as sessões de HIStory, Bruce Swedien adicionou um TC Eletronic M5000, altamente modificado, “Woody Hall” reverbera na bateria para acentuar ainda mais o poder deles. No Estúdio Com Michael Jackson. Hal Leonard, 2009.
32. Bill Bottrell. Entrevista Pessoal do Autor.14 de maio de 2011.
33. Bill Bottrell. Entrevista Pessoal do Autor. 27 de maio de 2011.



Descobrindo Tudo O Que Você Quiser


 

Jackson e Bottrell continuaram a remendar a faixa por mais de um ano – os primeiros vários meses no Westlake e, depois, no Record One, em Sherman Oakes, Califórnia. Enquanto as sessões de Dangerous progrediam, no entanto, muito da atenção de Jackson mudou para as faixas rítmicas, principalmente, quando o new jack swing produtor, Teddy Riley, foi trazido a bordo no início de 1991. Contudo, Bottrell sentia-se confiante de que “Earth Song” não apenas faria parte do álbum Dangerous, mas serviria com a obra central dele.

Quando o álbum estava sendo finalizado, no fim de 1991, Bottrell submeteu uma fita base (uma simples multifaixas que incorpora a mixagem). A música estava, agora, intitulada “What About Us” e Bottrell a considerava “finalizada”, exceto por alguns vocais overdubs finais. “Ela era uma das nossas faixas prioritárias desde o começo”, ele disse. “Eu estava muito orgulhoso dela.” (34)

Mas para surpresa dele (e de muitos outros), Jackson a cortou da trilha sonora final de Dangerous. Bottrell ficou profundamente desapontado. “Eu não estava presente quando eles levaram o pessoal da Sony para ouvir todas as coisas no playblack, portando eu descobri depois.”

Jackson ficou desapontado também. A música significava muito para ele. Mas o último compromisso dele era com a música – ela tinha que estar absolutamente certa, antes que ele pudesse lança-la e ele não sentia que estava totalmente lá.

Todos que trabalhavam com Jackson entendiam que ele era um meticuloso perfeccionista: todo detalhe, desde a produção à mixagem e à masterização, tinha que ser, exatamente, o que ele queria, antes que fosse “gravada em cimento”. Isso poderia ser frustrante às vezes. Alguns colaboradores trabalhavam com ele por meses e nenhum dos materiais resultante acabaria no álbum. Algumas vezes, ele, admitidamente, pensava exageradamente e trabalhava exageradamente uma faixa, quando ele deveria, simplesmente, fixar com a primeira versão.

Mas, frequentemente, o perfeccionismo valia a pena, pois algumas novas revelações ocorreriam a ele que tornariam a música mais forte. “Michael, realmente, tem sempre sentido melhor enriquecer algo por um longo período de tempo, para descobrir tudo que ele podia descobrir sobre isso”, reconhece Bottrell. “Havia um processo que aprendi bem, pelo qual todos os lançamentos de MJ passavam: um processo de habitação, repensar, substituir midi por live players, etc. Era um processo.” (35) Em muitos casos, o ouvinte médio, provavelmente, nem perceberia a diferença, mas Jackson sentia intrínseca obrigação em fazer a arte dele “tão perfeita quanto humanamente possível”.

Com “Earth Song”, além da letra inacabada, a principal preocupação dele era conseguir uma energia mais ímpeto, energia e poder na segunda metade. Enquanto os choros em falsete (o qual Bottrell descreveu como “muito parecido com Marvin Gaye”) na chamada-e-reposta eram comoventes, ele não tinha certeza se isso capturava a revolta e urgência que ele esperava transmitir.

Havia, também, alguma nuances menores que ele queria ajustar com a instrumentação e a mixagem. “Earth Song”, portanto, ficaria no cofre por outros quatro anos, enquanto Jackson promovia e estava em turnê por Dangerous.



Notas do autor:

33. Bill Bottrell. Entrevista Pessoal do Autor. 27 de maio de 2011.
34. Bill Bottrell. Entrevista Pessoal do Autor. 14 de maio de 2011. “Eu continuo muito orgulhoso dela”, disse Bottrell, “não há nada com esta música em termos de dimensão e estrutura... ela tem o mais amplo alcance, a mais incomum combinação de elementos... Ela transmite emoções tão profundamente sentidas e poderosas.”
35. Richard Buskin. “Michael Jackson’s ‘Black or White’. Sound on Sound.” Agosto de 2004. Also Gearslutz Forum.” Poste aqui se você também trabalhou no álbum Dangerous de Michael Jackson. 27 de junho de 2009.



Fazendo HIStory
                                                     

 
Quando a gravações de HIStory começaram em 1994 no Hit Factory, em Nova Iorque, Jackson ficou animado em finalmente voltar a trabalhar na obra. Ele se sentia confiante de que ela iria encontrar um lar no novo álbum. A única questão era como torná-la melhor e quem assistir-lhe a finalizar a versão dele.

Quando aconteceu, Jackson estava em grande parte satisfeito com a demo na qual ele tinha trabalhado com Bottrell durante as sessões de Dangerous. A extensão, arranjo e produção continuavam, quase, exatamente o mesmo. Porém, houve algumas adições cruciais, mais significativamente no clímax da música.

Jackson se voltou para o “criador de hits”, David Foster, (que também tinha trabalhado com Jackson em “Childhood” e “Smile”), para ajudar a terminar a faixa. Foster, por sua vez, trouxe o talentoso orquestrador Bill Ross, para dar à faixa um som mais completo, poderoso, mais notável nas partes instrumentais que surgiam. (36) “A orquestra adicionou muito drama”, disse o engenheiro assistente Rob Hoffman. “Ela transformou esta bela música em um épico.”

Outra importante adição foram os acordes da guitarra meio blues de Michael Thompson. A posição foi, incialmente, oferecida a Eric Clapton, mas Clapton recusou, em razão do conflito de agendas. Thompson, entretanto, que tinha trabalhado com Clapton, assim como David Foster, acabou sendo perfeito para o trabalho. As emotivas frases dele ecoavam o doloroso canto de Jackson, lindamente.

Uma nova mixagem para “Earth Song’ foi completada no Hit Factory, em 1994. 38 a maioria supunha, naquele ponto, que a faixa estava finalizada. Embora Jackson estivesse contente com muitos das melhorias, contudo, ele ainda não estava totalmente satisfeito.

Quando a gravação voltou ao Record One, em Los Angeles, na primavera de 1995, Jackson e o time dele focaram no detalhes finais. Matt Forger estimou que cerca de 40 fitas multifaixas foram usadas no total. “Isto cruzou formatos. Isso começou na faixa-24, trocou para digital. O pormenor e trabalho que foi nisso foi impressionante.”

Jackson voltou-se para o mágico sonoro, Bruce Swedien, para gravar partes dos vocais líderes. Para gravar a urgência e intensidade que Jackson queria, Swedien gravou com um microfone tubo Neumann M-49 (em vez do usual SM7 dele) e o teve conseguindo “tão perto quanto fisicamente possível ao microfone, desse modo, eliminando quase todas as reflexões anteriores... Eu não usei nenhum para-brisa. Eu o coloquei tão próximo quanto ele poderia, possivelmente, conseguir deste incrível microfone velho.” 40. Os resultados eram sutis, mas palpáveis. O objetivo real da gravação da música é preservar a energia física da música e a declaração da música em si”, explicou Swedien. (41)

Jackson guardou o final ad-libs para a última semana de gravação, pois ele esperava “matar a voz dele” no processo. (42) Ele disse aos engenheiros assistentes, Eddie Delena e Rob Hoffman: “Eu sinto muito, mas eu acho que nenhum de nós vai dormir este fim de semana. Há muito a ser feito e nós temos que ir ao Bernie [Grundman para masterização] na segunda de manhã.” (43)

Durantes os próximos poucos dias, Jackson, com um pequeno grupo de engenheiros comeram, dormiram e respiraram a música. “Ele ficava no estúdio o tempo todo”, recorda Hoffman, “cantando e mixando. Eu passei um par de momentos tranquilos com ele naquela época. Nós falamos sobre John Lennon uma noite, enquanto ele estava se preparando para cantar o último vocal para a gravação – o enorme ad-libs para o final de ‘Earth Song’. Eu contei a ele a história sobre John cantando ‘Twist and Shout’, quando estava doente e, embora a maioria das pessoas pensasse que ele estava gritando para efeito, na verdade, era a voz dele saindo. Ele adorou isso e, então, foi cantar com todo coração dele.” (44)

Como era do costume dele, Jackson cantou naquela noite com todas as luzes apagadas.45 Da sala de controle, Bruce Swedien e a equipe de engenheiros assistentes não podiam ver nada. Mas o que eles ouviram sair da escuridão era surpreendente: era como se Jackson estivesse canalizando dos pulmões da Terra – uma dolorosa, feroz, profética voz, dando expressão ao sofrimento do mundo.

Aqueles que testemunharam isso podiam sentir o cabelo arrepiando na nuca deles. Este era o Michael Jackson que a mídia nunca conheceu: um artista tão comprometido coma arte dele que poderia dissolver completamente dentro de uma música e traduzir as emoções dela.

“Eu tenho gravado praticamente todo mundo na música”, diz o legendário engenheiro de som, Bruce Swedien, que também gravou Duke Ellington, Paul McCartney, Mick Jagger e Barbara Streisand, entre outros, “e Michael é o número um”. (46)

Notas do autor:

36. Diz o engenheiro assistente Rob Hoffman: “Eu tenho trabalhado com Bill Ross em minhas próprias produções, especialmente por causa do incrível arranjo que ele fez nesta música.”
37. Rob Hoffman. Entrevista Pessoal do Autor. 2 de junho de 2011.
38. Enquanto ainda estava no Hit Factory, Jackson queria gravar partes do vocal guia dele na faixa. O desafio, entretanto, era combinar os vocais novos dele com os originais. “Nós emprestamos o microfone U-47 de Bill [Bottrell] e experimentamos todos os U- 47 de Hit Factory para ver o que combinava”, recorda Rob Hoffman. “Nós acabamos encontrando um depois de duas horas de audição.” Mais tarde, eles tiveram que voar na ressonância do EMT-250 do Hit Factory, em Nova Iorque, quando era usado muito proeminentemente da mixagem original de Bruce, que ele fez em Nova Iorque”, recorda Rob Hoffman. “MJ não estava satisfeito com os EMT do Record One neste caso. E ele estava certo. Todos nós pudemos ouvir a diferença.” Rob Hoffman. Entrevista Pessoal do Autor. 24 de maior de 2012.
39. Matt Forger. Entrevista Pessoal do Autor. 15 de maio de 2011. De acordo com Rob Hoffman,
40. Bruce Swedien. In The Studio With Michael Jackson. Hal Leonard, 2009.
41. Bruce Swedien. In The Studio With Michael Jackson. Hal Leonard, 2009.
42. Rob Hoffman. Entrevista Pessoal do Autor. 24 de maio de 2011.
43. Rob Hoffman. Gearslutz Forum. “Poste aqui se você também trabalhou no álbum Dangerous de Michael Jackson.” 27 de junho de 2009.
44. Rob Hoffman. Gearslutz Forum. “Poste aqui se você também trabalhou no álbum Dangerous de Michael Jackson.” 27 de junho de 2009.
45. “Ele sempre insistia que as luzes fossem apagadas”, diz Bruce Swedien. “O ser humano é, principalmente, um animal visual. Luz é distração. Michael odiava luz quando está gravando.” Bruce Swedien. Entrevista Pessoal do Autor. 19 de maio de 2011.
46. Bruce Swedien. Entrevista Pessoal do Autor. 19 de maio de 2011.


3 comentários:

Rosane disse...

Este livro é uma obra de arte. Parabéns pela sua dedicação em publicá-lo neste blog.

Unknown disse...

Esta música é uma úma obra prima, não Rosane? Traduzir os livros de Vogel é fácil e nada desgastante. Difícil é eu conseguir ficar longe disso e fazer meu demais trabalhos. :)

Rosane disse...

Verdade. Michael Jackson e tudo o que envolve a sua vida é um vício. Nós aprendemos tantas coisas com o que lemos, que não dá para voltar atrás.

Lendo este livro, conseguimos ter um vislumbre do quanto Michael se envolvia com a parte técnica e criativa das suas músicas.

é fácil chegar e ouvir o produto final.. mas quanta dedicação para que uma música chegasse à forma desejada!

Um ótimo final de semana para vc ♥

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