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domingo, 28 de outubro de 2012

Capítulo 6 - Blood On The Dance Floor

“Se você quer ver/ Excêntricas esquisitices/ Eu serei grotesco diante dos seus olhos.”







 
MICHAEL JACKSON, “IT IS SCARY”, 1997





 


LANÇADO: 20 de maio de 1997

PRODUTOR: Michael Jackson

Contribuidores Notáveis: Teddy Riley (produtor/compositor), Jimmy Jam e Terry Lewis (produzindo/compondo), Brad Buxer (sintetizadores/ teclado), Bryan Loren (compondo/ teclado), Andraé Crouch Singer Choir (vocais), Slash (guitarra), Mick Guzayski (engenharia/mixagem)

SINGLES: “Blood On The dance Floor”, “Ghosts”, “Is It Scary”

 
ESTIMADAS CÓPIAS VENDIDAS: 6 milhões




  





CAPÍTILO 6 BLOOD ON THE DANCE FLOOR:

HISTORY IN THE MIX

 
 

Apenas dois anos depois do lançamento de HIStory, veio um inesperado post-scriptum: uma coleção híbrida de cinco novas músicas e oito remixes intitulada Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix.
 
O álbum foi, de muitas maneiras, uma anomalia para o Rei do Pop. O lançamento dele, nos Estados Unidos, foi praticamente despercebido. Não houve nenhuma revelação, nenhuma promoção, não houve grandes vídeos musicais ou hit singles (ele se saiu muito melhor no exterior, particularmente na Europa, onde recebeu propaganda e divulgação muito melhor). Porque todas as músicas foram escritas durante as sessões de Dangerous e HIStory, Blood on the Dance Floor não recebeu a demorada e torturante atenção e tempo que Jackson, normalmente, dá aos projetos dele. A arte continuava tão elevada quanto sempre, mas o álbum parece mais cru, mais experimental, e sem toda a campanha publicitária e expectativa que, tipicamente, acompanhavam um álbum de Michael Jackson.
 
Ironicamente, o discreto lançamento – e o “desaparecimento” do cantor, enquanto ele viajava pelo mundo em turnê – permitiu que alguns críticos, verdadeiramente, prestassem atenção ao considerável mérito das músicas. Rolling Stone chamou-o de, sem dúvida, o “álbum mais revelador” dele. Outros o viram como uma superação criativa. “O canto dele nas primeiras cinco faixas do novo material nunca foi tão atormentado ou audacioso”, observa Armond White. “Blood on the Dance Floor tem a vitalidade de uma inteligência que se recusa a ser aplacada... [Blood on the Dance Floor] é uma superação, um desafio ao conceito de inócuos Blacks pop.”
 
A caracterização de White é inteligente. Neste estágio da vida e carreira dele, Jackson tinha pouco interesse em criar produtos de rádio bobos, formulados (1997 viu músicas como “Wanna Be” das Spice Girls e “MmmBop” do Hansens nos charts). Em contraste, Blood on the Dance Floor explora complexo psicológico e questões sociais, incluindo vícios, obsessões sexuais, anormalidade e medo.



















 
Jackson disfarçado como o prefeito de
“Vale Normal” no filme dele de 1997, “Ghosts”.
   






Na verdade, continuando onde as faixas mais intensas de HIStory termina, o álbum está sempre chocando pela franqueza, consciência e inovação sonora dele. “Há, realmente, dor e emoção nestas novas músicas”, escreve Neil Strauss, do New York Times. “Mantendo o humor sombrio de Jackson, a música se tornou mais irada e indignada. Com batidas quebrando como chapas de metal, e sintetizadores que soam assobiando como gás pressurizado, isto é funk industrial... Criativamente, Jackson tem entrado em um novo reino.” 
De muitas formas, Blood on the Dance Floor pode ser visto como um álbum mini conceito. Enquanto sonoramente eclético – ele incorpora elementos de house, industrial, techno, funk, Gótico e pop operístico – ele é, essencialmente, uma exploração da decadência. Desde medo e traição na faixa título, ao desespero de “Morphine”, à lamentação de “Superfly Sister”, à metafórica cápsula de horror de “Ghosts” e “Is It Scary”, Jackson está acessando um mundo de medo, corrupção e confusão. Ele é, sem dúvida, o álbum mais sombrio dele, ainda mais que HIStory, pois ele luta pela sanidade em meio à limitadora pressão e ansiedade. A única verdadeira lasca de esperança é que ao segurar um espelho para o “grotesco”, a sociedade pode ver a si mesma pelo que ela é, e mudar. Isso é parte do ponto da pedra angular do álbum, “Is It Scary”. Contudo, em Blood on the Dance Floor, não há hinos de bons sentimentos, explicitamente, pedindo por tal mudança. Blood é uma visão sombria, mas ele é, também, um dos mais convincentes trabalhos da carreira de Jackson. 
Apesar da relativa pouca visibilidade dele, Blood on the Dance Floor se tornou o álbum de “remixes” mais vendido de todos os tempos, como uma estimativa de onze milhões de cópias vendidas. Os oito remixes, todos derivados de HIStory, são, principalmente, remixes de boates desenvolvidos pelos produtores Jam e Lewis, Frankie Knuckles e Wyclef Jean. Desses, o destaque é a reformulada infusão reggeae de “2Bad” e a variação funky de “Scream”, de Jam e Lewis (intitulada “Scream Louder”). 
Em termos de reavaliação crítica, o foco será, indubitavelmente, nas cinco canções originais, o que forma um tipo de EP conceito, assim como o acompanhante curta-metragem Ghosts, a sequência mais socialmente apontada de Jackson para Thriller.


    
  Jackson no filme de tema Gótico, “Ghosts”. Blood on the Dance Floor foi o trabalho mais   sombrio de Jackson até àquela data.









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