15. SMILE
(Palavras escritas por John Tutner e
Geoffrey Parsons. Música composta por Charlie Chaplin. Produzida por David
Foster e Michael Jackson. Vocais: Michael Jackson. Orquestração: Jeremy
Lobbock)
Desde uma idade muito tenra, Jackson
estava fascinado por Charlie Chaplin, o enigmático ator e cineasta que
transmitia tanto humor, alegria, tristeza e mágica através das expressões
silenciosas dele. “Como você poderia não admirar a genialidade dele”, Jackson
disse em uma entrevista. “Ele era o rei da emoção... Ele sabia como fazer você
rir e chorar ao mesmo tempo... Eu me identificava com ele. Às vezes eu sinto
que sou ele”. Na verdade, em muitos estágios da vida dele, começando nos anos
70, Jackson se vestiu como o ídolo dele, cartola, bigode e tudo. Ele também
devorou livros sobre ele, assistiu a todos os filmes dele e incorporou alguns
dos estilos e movimentos dele às próprias performances.
Os dois ícones, é claro,
compartilhavam muito em comum: ambos se tornaram os maiores artistas de uma
geração; ambos foram profundamente mal interpretados e atacados por toda a vida
deles; ambos foram atormentados por incessantes controvérsias e escândalos; e
ambos eram excêntricos, infantis e, de muitas maneiras, figuras trágicas. A
identificação de Jackson com o legendário comediante, portanto, faz
sentido.“Smile” – com a lírica dela que adota sorrir (i.e., riso e humor) para
cancelar e, às vezes, curar a dor – foi uma das favoritas músicas dele de todos
os tempos.
Jackson
gravou “Smile” no Hit
Factory, em New
York, em 1994. A
música foi gravada ao vivo em estúdio com uma orquestra completa. “Eles
ensaiaram um pouco antes, sem vocais, daí, durante as primeiras tomadas,
Michael cantou, [ele] apenas os derrubou todos das cadeiras deles”, recorda o
engenheiro assistente Rob Hohffman. “A tomada que fizemos aquele dia era
maravilhosa e perfeita”, relembra Bruce Swedien, o engenheiro de som de longa
data de Jackson. “Mas Michael é tão perfeccionista que ele que ele insistiu em
gravar os vocais dele, novamente, no dia seguinte.” Por fim, eles acabaram
mantendo a primeira versão.
“Eu penso que nós trabalhamos com
todos, seriamente”, diz o aclamado condutor de orquestra e produtor britânico
Jeremmy Lubbock. “Mas minha mis memorável sessão de gravação continua sendo
‘Smile’, de Michael Jackson, do álbum History. Grande
música, grande artista, indolor!” Na verdade, depois de gravar a música,
Jackson foi agradecer à orquestra e recebeu uma ovação de pé. “Durante a
gravação”, lembra Swedien, “[eles] estiveram escutando Michael cantar através
dos headphones
individuais deles. Quando Michael saiu do estúdio... todos os cinquenta membros
da orquestra se levantaram e bateram nos suportes de partituras deles com os
arcos, tão alto quando puderam. Jeremy [Lubbock] estava de pé no pódio condutor
e também aplaudiu tão alto quanto ele pôde. Eu estava aplaudindo sozinho da
sala de controle, tão alto quando eu podia!”.
“Smile”, subsequentemente, se tornou
um clássico no catálogo de Michael Jackson. O biografo Randy Taraborrelli
descreveu a faixa como um “destaque” em HIStory: “Que
performance vocal ele apresenta nessa música! Nunca ele soou mais sincero, mais
maravilhoso.” O New
York Times a chamou “uma dramática proeza” sobre acordes trêmulos e
despretensioso piano, Jackson soa como se ele mal contivesse as lágrimas. A voz
dele treme, falha, recompõe-se, e vai a outra direção emocional. A música
termina com uma respiração contida, um soluço à beira de um ataque de choro”.
Na finalização, Jackson cantarola,
ri, e assobia o caminho dele até o final. A música completa uma jornada
turbulenta, emocionalmente exaustiva, desde a raiva e fúria de “Scream”, ao
alívio temporário de “Smile”. Mesmo nestas conclusões, aparentemente, alegres,
contudo, como a melhor performance de Chaplin, um resíduo de tristeza permanece.
HIStory é,
definitivamente, uma tragédia – e como as melhores tragédias, o protagonista
dela luta, contra a corrente, em perpétua resistência ao destino.
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