(Escrita
e composta por Michael Jackson. Coproduzida por Michael Jackson, David Foster, e
Bill Bottrell. Vocais backgrounds: Andraé e Sandra Crouch e Andraé Crouch Singer
Choir. Piano: David Paich. Guitarra: Michael Thompson. Orquestração: Bill Ross)
“Earth Song” se sustenta, com “Stranger in Moscow”,
como uma das maiores realizações artísticas de Jackson (embora ela alcance esse status de uma forma bem diferente). Onde
“Stranger in the Moscow” é sutil e discreta, “Earth Song” é épica e teatral. Incorporando
elementos de gospel, blues, opera e pop-rock, Jackson apresenta uma
dramática súplica pelo planeta que tem sido chamada “a música tema-verde mais
popular de todos os tempos”. Na verdade, não é exagero dizer que ela é um dos
mais poderosos hinos do século passado.
Um sucesso monumental
em praticamente todos os lugares fora dos Estados Unidos (onde, estranhamente,
ela não foi lançada como single),
“Earth Song” continua na veia de anteriores hinos-mensagem de consciência
social, como “Heal the World” e “We Are the World”. Mas “Earth Song” é, principalmente,
uma lamentação. Ela retrata um devastador quadro panorâmico do presente. “O que
nós fizemos com o mundo?”, ele lamenta. “Olhe o que fizemos.” Mais tarde, ele
fala da profunda desilusão e confusão que resultou:
Eu costumava sonhar
Eu costumava observar as estrelas
Agora eu não sei onde nós estamos
Embora eu saiba que fomos longe de mais
O baixo que vem depois
do verso final é tão poderoso que, literalmente, balança os ouvintes, enquanto
Jackson solta o choro sem palavras dele pelo estado da Terra.
Esse era um tema com o
qual Jackson se importava profundamente. “Eu estava sentindo muita dor e muito
sofrimento pela condição do planeta Terra”, disse Jackson na época (a música
foi, na verdade, escrita durante as sessões de Dangerous, mas não completamente concluída até 1995). “E para mim, isso
é ‘Earth Song’, porque eu penso que a natureza está tentando com muita força
compensar pela má-administração da Terra pelo homem... Eu penso que a Terra
sente dor e ela tem doenças... e isso foi o que me inspirou.”
Depois do lançamento dela,
muitos críticos tachou o hino como enjoativo e exagerado. Rolling Stone desdenhou a música como uma “peça de mostruário –
alguma coisa com a qual arrasar em Monte Carlo”. Anos mais tarde, entretanto,
com alguns dos, então, instintivos cinismos contra a música de Jackson
dissipados, “Earth Song” tem ganhado admiradores pela presciência e o poder cru
dela. É difícil pensar em outro hino pop/rock que retrate um quadro tão
apocalípticamente devastador do mundo, antes de perguntar abruptamente: “Nós no
importamos?” Que Top 40 hit dos últimos vinte anos tão
brilhantemente funde gospel e opera, blues
e pop (sem mencionar a urgente,
dolorosa, paixão demonstrada)?
As críticas dos
ouvintes descrevem-na como “majestosa” e “poderosa”, e “curadora”. “A música
não tem palavras no refrão”, observa um crítico, “palavras não podem expressar
a dor e o sofrimento que humanos têm causado a este mundo... o refrão é
simplesmente um choro, a expressão de Michael da dor do mundo. O clímax da
música é, verdadeiramente, fundamental, fenomenal, e tudo o que você pode fazer
é se encostar e aumentar o volume dos alto-falantes e deixar a emoção fluir
através de você”.
Na verdade, quando a
música se desenvolve para uma crescendo, a voz de Jackson ecoa com a música. “E
quanto a Terra sangrando? Ele suplica em uma dramática chamada-e-resposta com Andraé Crouch Singers Choir. “Não
podemos sentir as feridas dela?... Quanto à Terra Santa? Despedaçada por
credos... Quanto ao home comum?/Não podemos libertá-lo... Quanto às crianças
morrendo?/ Você não consegue ouvi-las chorar?/ Onde nós erramos?/Alguém me diga
por quê?”
O vídeo que a acompanha,
dirigido por Nicholas Brandt (que também dirigiu “Stranger in Moscow”), é um tour de force por si só (ele ganhou um Le Film Fantastique Video Award e uma
indicação ao Grammy). Filmado em
quatro diferentes continentes, o curta-metragem de sete minutos retrata as
várias formas com as quais o homem, tecnologia e ganância estão destruindo o
mundo: florestas equatoriais são derrubadas por madeireiros; lindos animais,
mortos por caçadores; florestas da América do Norte queimadas até virar tocos;
a devastação da guerra na Croácia. Por volta do meio do caminho no vídeo, Jackson,
em uníssono com outros homens e mulheres de diferentes países e culturas, cai
de joelhos e finca as mãos deles na terra. Enquanto todos eles cavam dentro do
solo com desespero, suplicando, um forte vento sopra por todo o globo, forçando
as pessoas a se agarrarem aos troncos das árvores, ao solo, e uns aos outros. Então,
eles observam maravilhados, enquanto a destruição é revertida e a vida é
reestabelecida: elefantes e zebras, uma vez mortos, erguem-se novamente; a
devastação da guerra é desfeita; crianças famintas são alimentadas; golfinhos
andam livres; poluição é tragada de volta às chaminés; árvores alcançam o céu e
a Terra volta ao estado natural dela. Ela é resgatada. “O impulso distintivo de
Jackson (no vídeo) ignora o apocalipse em favor da mudança: transubstanciação,
renascimento, ressureição”, observa o crítico musical Armond White. “Estas
imagem impressionantes são complicadas pelo jeito como a busca de Michael por
esperança é constantemente interrompida por desastre (estendendo a mão para
tocar o tronco de árvore, ele salta para trás, a um intrusivo barulho de
motosserra). O reflexo dele torna a ira inseparável da ação – um paradoxo
típico, revolucionário... Essas cenas concretizam a luta, enquanto a altiva
canção e o secular uso do coro gospel realiza triunfo: a visão da cura de um
tronco de árvore cortado é inesquecível.”
Como com a música em si
mesma, os críticos do vídeo sentiram que ele era muito idealista e ingênuo.
Eles também criticaram Jackson pela natureza messiânica, tanto do vídeo, quanto
da performance dele para a música. No BRIT
Awards de 1996, o vocalista do Pulp,
Jarvis Cocker, famosamente invadiu o palco para o que, ele considerava, ser a
performance “ofensiva” de Jackson como um Cristo. Mas como o crítico cultural
Marcello Carlin pontua: “O que foi mais egocêntrico – a performance de ‘Earth
Song’ de [Jackson] no BRIT Awards 1996 ou a interrupção de Jarvis
Cocker a isso? ‘Earth Song’, melancolicamente e, depois, como crescente
ferocidade, faz perguntas de 1967, o que deu origem a ela; por que não temos
alcançado este paraíso dourado agora? Por que, na verdade, estamos matando
tudo, incluindo nós mesmos?... Ela é uma complexa e apaixonada música de
protesto. A explosão de Cocker, ao contrário, é reducionista e lamentável.”
Apesar da controvérsia,
“Earth Song” tornou-se um dos mais bem sucedidos singles de Jackson, em todos os tempos, alcançando o Top 5 em países por todo o mundo. Ela
foi o single mais bem vendido dele na
Grã-Bretanha, desde “Billie Jean”, dominando os charts por mais de seis semanas e vendendo um impressionante número
de um milhão de cópias. Jackson tinha preparado uma nova apresentação da música
para a série de concertos dele, This Is
It, no O2, o que foi, parcialmente,
recriado no tributo no Grammy Awards 2010. Jackson, corretamente, sentia que
ela era uma das mais significantes composições dele.
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