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domingo, 28 de outubro de 2012

Capitulo 5 - HIStory : "Earth Song"




 5.               EARTH SONG 
(Escrita e composta por Michael Jackson. Coproduzida por Michael Jackson, David Foster, e Bill Bottrell. Vocais backgrounds: Andraé e Sandra Crouch e Andraé Crouch Singer Choir. Piano: David Paich. Guitarra: Michael Thompson. Orquestração: Bill Ross) 

“Earth Song” se sustenta, com “Stranger in Moscow”, como uma das maiores realizações artísticas de Jackson (embora ela alcance esse status de uma forma bem diferente). Onde “Stranger in the Moscow” é sutil e discreta, “Earth Song” é épica e teatral. Incorporando elementos de gospel, blues, opera e pop-rock, Jackson apresenta uma dramática súplica pelo planeta que tem sido chamada “a música tema-verde mais popular de todos os tempos”. Na verdade, não é exagero dizer que ela é um dos mais poderosos hinos do século passado.

Um sucesso monumental em praticamente todos os lugares fora dos Estados Unidos (onde, estranhamente, ela não foi lançada como single), “Earth Song” continua na veia de anteriores hinos-mensagem de consciência social, como “Heal the World” e “We Are the World”. Mas “Earth Song” é, principalmente, uma lamentação. Ela retrata um devastador quadro panorâmico do presente. “O que nós fizemos com o mundo?”, ele lamenta. “Olhe o que fizemos.” Mais tarde, ele fala da profunda desilusão e confusão que resultou:

Eu costumava sonhar
Eu costumava observar as estrelas
Agora eu não sei onde nós estamos
Embora eu saiba que fomos longe de mais
 

O baixo que vem depois do verso final é tão poderoso que, literalmente, balança os ouvintes, enquanto Jackson solta o choro sem palavras dele pelo estado da Terra. 

Esse era um tema com o qual Jackson se importava profundamente. “Eu estava sentindo muita dor e muito sofrimento pela condição do planeta Terra”, disse Jackson na época (a música foi, na verdade, escrita durante as sessões de Dangerous, mas não completamente concluída até 1995). “E para mim, isso é ‘Earth Song’, porque eu penso que a natureza está tentando com muita força compensar pela má-administração da Terra pelo homem... Eu penso que a Terra sente dor e ela tem doenças... e isso foi o que me inspirou.”

Depois do lançamento dela, muitos críticos tachou o hino como enjoativo e exagerado. Rolling Stone desdenhou a música como uma “peça de mostruário – alguma coisa com a qual arrasar em Monte Carlo”. Anos mais tarde, entretanto, com alguns dos, então, instintivos cinismos contra a música de Jackson dissipados, “Earth Song” tem ganhado admiradores pela presciência e o poder cru dela. É difícil pensar em outro hino pop/rock que retrate um quadro tão apocalípticamente devastador do mundo, antes de perguntar abruptamente: “Nós no importamos?” Que Top 40 hit dos últimos vinte anos tão brilhantemente funde gospel e opera, blues e pop (sem mencionar a urgente, dolorosa, paixão demonstrada)? 

As críticas dos ouvintes descrevem-na como “majestosa” e “poderosa”, e “curadora”. “A música não tem palavras no refrão”, observa um crítico, “palavras não podem expressar a dor e o sofrimento que humanos têm causado a este mundo... o refrão é simplesmente um choro, a expressão de Michael da dor do mundo. O clímax da música é, verdadeiramente, fundamental, fenomenal, e tudo o que você pode fazer é se encostar e aumentar o volume dos alto-falantes e deixar a emoção fluir através de você”.

Na verdade, quando a música se desenvolve para uma crescendo, a voz de Jackson ecoa com a música. “E quanto a Terra sangrando? Ele suplica em uma dramática chamada-e-resposta com Andraé Crouch Singers Choir. “Não podemos sentir as feridas dela?... Quanto à Terra Santa? Despedaçada por credos... Quanto ao home comum?/Não podemos libertá-lo... Quanto às crianças morrendo?/ Você não consegue ouvi-las chorar?/ Onde nós erramos?/Alguém me diga por quê?”

O vídeo que a acompanha, dirigido por Nicholas Brandt (que também dirigiu “Stranger in Moscow”), é um tour de force por si só (ele ganhou um Le Film Fantastique Video Award e uma indicação ao Grammy). Filmado em quatro diferentes continentes, o curta-metragem de sete minutos retrata as várias formas com as quais o homem, tecnologia e ganância estão destruindo o mundo: florestas equatoriais são derrubadas por madeireiros; lindos animais, mortos por caçadores; florestas da América do Norte queimadas até virar tocos; a devastação da guerra na Croácia. Por volta do meio do caminho no vídeo, Jackson, em uníssono com outros homens e mulheres de diferentes países e culturas, cai de joelhos e finca as mãos deles na terra. Enquanto todos eles cavam dentro do solo com desespero, suplicando, um forte vento sopra por todo o globo, forçando as pessoas a se agarrarem aos troncos das árvores, ao solo, e uns aos outros. Então, eles observam maravilhados, enquanto a destruição é revertida e a vida é reestabelecida: elefantes e zebras, uma vez mortos, erguem-se novamente; a devastação da guerra é desfeita; crianças famintas são alimentadas; golfinhos andam livres; poluição é tragada de volta às chaminés; árvores alcançam o céu e a Terra volta ao estado natural dela. Ela é resgatada. “O impulso distintivo de Jackson (no vídeo) ignora o apocalipse em favor da mudança: transubstanciação, renascimento, ressureição”, observa o crítico musical Armond White. “Estas imagem impressionantes são complicadas pelo jeito como a busca de Michael por esperança é constantemente interrompida por desastre (estendendo a mão para tocar o tronco de árvore, ele salta para trás, a um intrusivo barulho de motosserra). O reflexo dele torna a ira inseparável da ação – um paradoxo típico, revolucionário... Essas cenas concretizam a luta, enquanto a altiva canção e o secular uso do coro gospel realiza triunfo: a visão da cura de um tronco de árvore cortado é inesquecível.”

Como com a música em si mesma, os críticos do vídeo sentiram que ele era muito idealista e ingênuo. Eles também criticaram Jackson pela natureza messiânica, tanto do vídeo, quanto da performance dele para a música. No BRIT Awards de 1996, o vocalista do Pulp, Jarvis Cocker, famosamente invadiu o palco para o que, ele considerava, ser a performance “ofensiva” de Jackson como um Cristo. Mas como o crítico cultural Marcello Carlin pontua: “O que foi mais egocêntrico – a performance de ‘Earth Song’ de [Jackson] no BRIT Awards 1996 ou a interrupção de Jarvis Cocker a isso? ‘Earth Song’, melancolicamente e, depois, como crescente ferocidade, faz perguntas de 1967, o que deu origem a ela; por que não temos alcançado este paraíso dourado agora? Por que, na verdade, estamos matando tudo, incluindo nós mesmos?... Ela é uma complexa e apaixonada música de protesto. A explosão de Cocker, ao contrário, é reducionista e lamentável.”

Apesar da controvérsia, “Earth Song” tornou-se um dos mais bem sucedidos singles de Jackson, em todos os tempos, alcançando o Top 5 em países por todo o mundo. Ela foi o single mais bem vendido dele na Grã-Bretanha, desde “Billie Jean”, dominando os charts por mais de seis semanas e vendendo um impressionante número de um milhão de cópias. Jackson tinha preparado uma nova apresentação da música para a série de concertos dele, This Is It, no O2, o que foi, parcialmente, recriado no tributo no Grammy Awards 2010. Jackson, corretamente, sentia que ela era uma das mais significantes composições dele.



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