8.
COME TOGETHER
(Escrita
e composta por John Lennon e Paul McCartney. Produzida por Michael Jackson e
Bill Bottrell. Programação de sintetizadores: Bill Bottrel. Vocais líder e background:
Michael Jackson. Guitarra: Bill Bottrell. Percussão: Bill Bottrell)
Gravada vários anos antes com o produtor Bill
Bottrell (ela apareceu, pela primeira vez, em 1989, no filme Moonwalker), “Come Together” foi,
orginalmente, criada para a trilha sonora de
Days of Thunder, estrelando Tom Cruise. A altamente energizada cover dos Beatles teria sido, provavelmente, um grande hit, se tivesse sido lançada com o filme. Quando ela saiu, porém,
ficou no cofre por aproximadamente mais de seis anos, antes da inclusão dela em
HIStory em 1995. A música nunca tinha
sido lançada como single.
Jackson há muito
admirava a música dos Beatles, tendo,
famosamente, adquirido o Catálogo Beatles/ATV
em 1985. Desde a aquisição, Jackson e o advogado John Branca tinham discutido
gravar algumas das músicas que, agora, ele era dono (ele gravou, também, um cover do clássico de Sly and the Family Stone,“Hot Fun in the Summertime”). No fim
dos anos oitenta, Bill Bottrell se lembra de estar dirigindo por Los Angeles,
escutando as músicas dos Beatles com
Jackson, tentando determinar uma boa música para regravar. Eles acabaram
escolhendo “Come Together” (a segunda opção era a mais obscura de Paul
McCartney, “You Know My Name”)
John Lennon era, de
muita maneiras, Jackson sentia, uma alma aparentada: alguém que não poderia se
encaixar muito em uma sociedade convencional, mas cujo gênio resta totalmente
não ortodoxo. É justo que Jackson tenha escolhido “Come Together”, uma música
que, famosamente, desafia todas as convenções e abertamente abraça a liberdade
das estruturas da linguagem, autoridade institucional e ideologia. “Ela lança
um fluxo de autoconfessado ‘jargão’, no violento antagonismo de um mundo não
esclarecido”, escreveu o crítico dos Beatles,
Ian MacDonald, “implicando que a linguagem implantada em tais confrontações é
uma armadilha e uma potencial prisão”.
Como Lennon, Jackson
adorava jogar com as palavras; ele gostava de formá-las em sequencias incomuns,
surpreendentes, (veja “Wanna Be Startin’ Somethin’”) e ele, especialmente,
gostava de misturá-las e distorcê-las vocalicamente. É claro, desde Off The Wall, um dos maiores temas da música
dele era a habilidade de libertar e unir dela. O famoso verso de “Come
Together” – “Uma coisa que eu posso dizer a você é que você tem que ser livre”
– isso era em que tanto Lennon quanto Jackson acreditavam nos corações deles.
Isso é, como Ian MacDonald astutamente observa, “uma chamada por desacorrentar a
imaginação, e por definir linguagem livre, perdidas as rigidezes da política e enraizamento
emocional”.
Sonoramente, enquanto
os Beatles escolheram adotar um estilo
“descontraído” ou “sonhador”, para capturar o sentimento de ser elevado,
Jackson optou por uma reinterpretação alta octanagem, que sintetiza o famoso
solo de guitarra, destaca o inerente funk
da música e funde a letra selvagem com carregada energia e excitamento. Essa
energia visceral está toda à mostra na versão ao vivo, no fim de Moonwalker, na qual Jackson improvisa
vocais e bate o pé com abandono, enquanto a música o coloca (e a audiência
dele) em um estado de êxtase.
“Eu penso que o cover dele é o melhor cover de uma música dos Beatles que eu já ouvi”, diz o
engenheiro Matt Forger. “Por causa desta energia. Ele tem a energia que você
sente quando você escuta a gravação dos Beatles
pela primeira vez. Michael tocou dentro de um lugar emocional. E você pode
sentir isso.” Embora tenha sido adiada por anos, “Come Together” é, certamente,
uma dos mais notáveis covers dos Beatles, assim como uma simbólica
ligação entre dois excêntricos, mas brilhantes, ícones musicais.
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