11.
WILL YOU BE THERE
(Escrita
e composta por Michael. Produzida por Michael Jackson. Coproduzida por Bruce
Swedien. Gravada e mixada por Bruce Swedien e Matt Forger. Arranjo do coro por
Andraé e Sandra Crouch, apresentando o Coro Andraé Crouch. Orquestra arranjada
e conduzida por Johnny Mandel. Arranjo rítmico por Michael Jackson e Greg
Phillinganes. Arranjo dos vocais: Michael Jackson. Tecado: Greg Phillinganes e
Brad Buxer. Sintetizadores: Michael Boddicker. Sintetizadores e programação de
sintetizadores: Rhett Lawrance. Bateria e percussão: Paulinho Da Costa.
Prelúdio: Nona Sinfonia de Beethoven em D Minor, Opus 125. Performada pelo Coro
da Orquestra de Cleveland, dirigida por Robert Shawn e conduzida por George
Szell)
“Will You Be There”
levou Michael Jackson para dentro de outro território artístico. A peça de
quase oito minutos é, essencialmente, uma épica trilha sonora de filme, com
raízes no black gospel, mas fundido
com música clássica e rhythm and blues. Ela é, ainda, outro exemplo
da extraordinária habilidade de Jackson em criar a partir de díspares estilos
musicais e fazê-los funcionar juntos. O crítico musical John Kays chamou-a de
“um dos melhores trabalhos da carreira dele... um movimento especial que parece
ter sido esculpido a partir das páginas do Velho do Testamento.” Na verdade,
depois da agonia, semelhante à de Jó, e o tumulto das duas faixas anteriores,
“Will You Be There” tenta dar sentido ao sofrimento dele e transcender a isso.
A música começa com um prelúdio orquestral de sessenta e cinco segundos
tirado da Nona Sinfonia de Beethoven, performada pela Orquestra de Cleveland. É
um movimento incrivelmente audacioso. A Nona Sinfonia é considerada uma das
maiores obras na história da música ocidental. A sagacidade de Jackson em usar
trabalho tão renomado (a primeira sinfonia orquestral principal a usar vozes)
dá uma indicação do escopo e ambição da visão criativa dele. Enquanto outros
artistas pop da época estavam
cantando protótipos, formuladas canções de amor, Jackson estava mergulhando
fundo nos poços da arte, história e religião, para criar algo que, nas palavras
dele, “viveria para sempre”.
Jackson canta em um tenor calmo, profundo; um forte contraste de quando
ele foi ouvido pela última vez, em “Give In To Me”. A música o tinha
transportando (e os ouvintes) para um lugar diferente. “Abrace-me”, ele canta, “como
o Rio Jordão...”, Jackson tinha utilizado elementos do gospel antes (“We Are
the Wolrd, “Man in the Mirror”), mas “Will You Be There” é a primeira vez que ele
explora completamente o poder disso. A música avança e retroage, eleva e
suspira. Jackson está cantando uma prece por conforto e força, pela capacidade
de superar obstáculos. Porém, ele também confessa as fraquezas e dúvidas dele:
‘Eles me disseram”, ele canta, “um homem tem que ter fé/ E caminhar quando não
é capaz/ E lutar até o fim/ Mas eu sou apenas humano”. Depois, ele implora por orientação
e clareza: “Todo mundo está tentando me controlar/ parece que o mundo/ Tem um
papel para mim/ Eu estou tão confuso/ Você mostrará a mim?”
Com cada confissão, Jackson é elevado pelo impulso do coro, que
cantarola, e pelo ritmo arrebatador da percussão. No clímax, ele improvisa em
uma emocionante pergunta e reposta com o coro que quase transporta o cantor (e
a audiência dele) para o lugar. Isso é Jackson em máximo desempenho. Parte de
genialidade dele sempre serão as faixas mais sombrias, sinistras, mas é também
encontrado na sublime transcendência dos hinos dele. “Will You Be There” é uma
música pessoal sobre uma condição universal. Se as palavras finais são
dirigidas a Deus, uma amada ou a humanidade, como um todo, elas comunicam a
elementar ânsia humana por amor e compreensão.
0 comentários:
Postar um comentário