Menu

domingo, 28 de outubro de 2012

Capítulo 4 - Dangerous : " Will You Be There"




11.                WILL YOU BE THERE

(Escrita e composta por Michael. Produzida por Michael Jackson. Coproduzida por Bruce Swedien. Gravada e mixada por Bruce Swedien e Matt Forger. Arranjo do coro por Andraé e Sandra Crouch, apresentando o Coro Andraé Crouch. Orquestra arranjada e conduzida por Johnny Mandel. Arranjo rítmico por Michael Jackson e Greg Phillinganes. Arranjo dos vocais: Michael Jackson. Tecado: Greg Phillinganes e Brad Buxer. Sintetizadores: Michael Boddicker. Sintetizadores e programação de sintetizadores: Rhett Lawrance. Bateria e percussão: Paulinho Da Costa. Prelúdio: Nona Sinfonia de Beethoven em D Minor, Opus 125. Performada pelo Coro da Orquestra de Cleveland, dirigida por Robert Shawn e conduzida por George Szell)
 

“Will You Be There” levou Michael Jackson para dentro de outro território artístico. A peça de quase oito minutos é, essencialmente, uma épica trilha sonora de filme, com raízes no black gospel, mas fundido com música clássica e rhythm and blues. Ela é, ainda, outro exemplo da extraordinária habilidade de Jackson em criar a partir de díspares estilos musicais e fazê-los funcionar juntos. O crítico musical John Kays chamou-a de “um dos melhores trabalhos da carreira dele... um movimento especial que parece ter sido esculpido a partir das páginas do Velho do Testamento.” Na verdade, depois da agonia, semelhante à de Jó, e o tumulto das duas faixas anteriores, “Will You Be There” tenta dar sentido ao sofrimento dele e transcender a isso.

A música começa com um prelúdio orquestral de sessenta e cinco segundos tirado da Nona Sinfonia de Beethoven, performada pela Orquestra de Cleveland. É um movimento incrivelmente audacioso. A Nona Sinfonia é considerada uma das maiores obras na história da música ocidental. A sagacidade de Jackson em usar trabalho tão renomado (a primeira sinfonia orquestral principal a usar vozes) dá uma indicação do escopo e ambição da visão criativa dele. Enquanto outros artistas pop da época estavam cantando protótipos, formuladas canções de amor, Jackson estava mergulhando fundo nos poços da arte, história e religião, para criar algo que, nas palavras dele, “viveria para sempre”.

 É importante notar, contudo, que ele não estava usando a Nona Sinfonia (ou nenhuma outra fonte) apena por usar. A introdução é sobre estabelecer uma áurea, sobre levar o ouvinte em uma jornada emocional. Quando as magistrais linhas do coro da Orquestra de Cleveland alcança o clímax, o som, de repente, dissolve-se dentro de uma suave melodia de vozes celestiais (cantado pelo Coro Andraé Crouch). “Ele foi brilhante com esta coisa”, diz Brad Buxer. “Introduções e finalizações eram realmente importantes para ele. As introduções eram quase tão importantes quanto à própria música.” Com a apropriada áurea estabelecida, a música, adequadamente, começa com o proposital gancho de piano e embaralhamento, como a percussão de Chariots of Fire. “isso foi modelado depois do beatbox de Michael” diz Buxer. “Era quase como Chariots of Fire, mas mais agressivo. Ele diria, ‘Isso tem que ser seco e em sua face’, significando sem ressonância, sem efeitos. Absolutamente cru. Tem que ser pungente.” 

Jackson canta em um tenor calmo, profundo; um forte contraste de quando ele foi ouvido pela última vez, em “Give In To Me”. A música o tinha transportando (e os ouvintes) para um lugar diferente. “Abrace-me”, ele canta, “como o Rio Jordão...”, Jackson tinha utilizado elementos do gospel antes (“We Are the Wolrd, “Man in the Mirror”), mas “Will You Be There” é a primeira vez que ele explora completamente o poder disso. A música avança e retroage, eleva e suspira. Jackson está cantando uma prece por conforto e força, pela capacidade de superar obstáculos. Porém, ele também confessa as fraquezas e dúvidas dele: ‘Eles me disseram”, ele canta, “um homem tem que ter fé/ E caminhar quando não é capaz/ E lutar até o fim/ Mas eu sou apenas humano”. Depois, ele implora por orientação e clareza: “Todo mundo está tentando me controlar/ parece que o mundo/ Tem um papel para mim/ Eu estou tão confuso/ Você mostrará a mim?”

Com cada confissão, Jackson é elevado pelo impulso do coro, que cantarola, e pelo ritmo arrebatador da percussão. No clímax, ele improvisa em uma emocionante pergunta e reposta com o coro que quase transporta o cantor (e a audiência dele) para o lugar. Isso é Jackson em máximo desempenho. Parte de genialidade dele sempre serão as faixas mais sombrias, sinistras, mas é também encontrado na sublime transcendência dos hinos dele. “Will You Be There” é uma música pessoal sobre uma condição universal. Se as palavras finais são dirigidas a Deus, uma amada ou a humanidade, como um todo, elas comunicam a elementar ânsia humana por amor e compreensão.

0 comentários:

Postar um comentário