5.
REMEBER THE TIME
(Escrita e composta por Teddy Riley,
Michael Jackson e Bernard Belle. Produzida por Teddy Riley e Michael Jackson.
Gravada e mixada por Bruce Swedien, Teddy Riley e Dave Wayne Cobham. Arranjo
rítmico por Teddy Riley. Arranjo de sintetizador por Teddy Riley. Arranjo
vocálico por Michael Jackson. Vocais solo e background: Michael Jackson.
Teclado e sintetizadores: Teddy Riley)
Como clássicos anteriores (“Rock With You” e “The
Way You Make Me Feel”), “Remember the Time” é um puro, inalterado, êxtase pop. Ela é, também, indiscutivelmente, a
culminação do som new jack swing:
suave, meticulosamente trabalhada R&B
construída em um enérgico contratempo, com vocais emotivos. Teddy Riley a
chamou de favorito trabalho colaborativo dele com Jackson. A música chegou ao #1 nos charts R&B e # 3, no Hot 100 em 1992. Com a forte sensação
analógica dela e vintage groove de
órgão, “Remeber the Time”, sabiamente, transmite o calor e nostalgia da letra
da música. Jackson canta em um registro notavelmente baixo, um “suave tenor
[que] vibra sobre requintada harmonias de fundo”. Ele também remete à divertida
improvisação de Off the Wall, com
alguma scratting na ponte.
“Uma das maiores coisas
com as quais Michael realmente me surpreendeu com o álbum Dangerous foi o vocal dele apresentado em ‘Remember the Time’”.
recorda Teddy Riley. “Isso realmente me surpreendeu. Eu vim para esse projeto
com essa faixa. Este era o som que eu estava pensando para esse álbum... e ele
adorou – adorou desde o começo.” Jackson e Riley começaram a trabalhar na faixa
imediatamente. “Michael perguntou se ele poderia cantar o gancho”, recorda o
engenheiro de gravação, Dave Way, “o que era tudo o que estava escrito para a
letra, naquele momento, e ele foi e cantou o primeiro refrão, primeira nota
(melodia). Agora, o produtor (Teddy Riley) e eu estávamos habituados em cantar
o refrão uma vez com todas as partes dele, então, voamos para outros refrãos. Portanto,
quando o primeiro refrão foi terminado, eu parei a gravação e Michael,
espantado com isso, disse: ‘Por que você parou? ’ Daí nós explicamos o voo e
etc. Ele disse: ‘Bem, eu gosto de cantar cada parte por todo o caminho’. Assim,
nós voltamos, começamos a música do início e observamos Michael cantar cada
nota e harmonia, duas vezes, três vezes, e, então, talvez, quatro vezes – cada
vez cantando perfeitamente, vibratos encaixando perfeitamente, perfeitamente sintonizado,
ritmicamente perfeito, sabendo exatamente o que ele queria fazer o tempo todo. Nós
estávamos fazendo todos os ganchos mais rápido do que se eu os tivesse
selecionado. Perfeito. Aquele foi um dia”.
Jackson e Riley
continuaram a esculpir a música a partir dali, criando uma música densa, exuberante,
que foi quase uma homenagem, tanto a Motown, quanto a Quincy Jones. O resultado final fez Jackson dançar por todo
o estúdio. Ela lembrava uma dos mais populares grooves dos aos 90 dele.
O vídeo musical para a
música, da mesma forma, que veio nos calcanhares de “Black or White, continuou
a mostrar a ambição cinematográfica de Jackson. Dirigido por John Singleton
(diretor de Boyz in the Hood e Poetic Justice), o curta-metragem, de
nove minutos, apresentou um elenco de estrelas (incluindo o comediante Eddye
Murphy, a supermodelo Iman e a estrela do basketball, Magic Johnson) e surpreendentes efeitos
especiais. Talvez o movimento mais ousado dele tenha sido a locação. Em 1992, a
identidade racial de Jackson continuava um tópico aberto de discussões. Ninguém
sabia exatamente por que a pele dele tinha ficado branca (ele já tinha revelado
que sofria de uma doença de pele chamada vitiligo), mas muitos supunham que
isso era porque ele estava envergonhado, em certo sentido, da raça dele. Em Remeber the Time, Jackson, diretamente
desafiando essa suposição, filmou o vídeo no velho Egito, como um elenco todo
negro interpretando a realeza. “Remember the Time” adotou uma herança africana
como um gesto de orgulho e uma busca por satisfação”, observou o crítico
musical Armond White, em uma crítica de 1992. “A linha ‘Você se lembra do tempo
quando nos apaixonamos/ [...] Quando nos conhecemos? ’ pede à rainha para fazer
uma projeção, para fantasiar um contexto na mente e no coração dela, exatamente
como o contexto do vídeo pede aos espectadores para relembrar o passado, quando
o povo negro não estava afastado do continente africano ou da cultura ancestral
dele. É claro, a intenção de Jackson é que esta fantasiosa nostalgia dirigida a
uma ampla audiência fizesse sentido para não-negros, que podem se referir à
África como o berço de toda civilização: ‘Você se lembra como tudo isso começou?
’”
No enredo desse
curta-metragem, Jackson interpreta uma espécie de misterioso shaman, que fascina e seduz a rainha,
apesar do status de “forasteiro”
dele. “O beijo deles caracteriza o hífen em afro-americano”, escreveu Armand
White. “Iman, a atriz e modelo da Somália, com natural altivez, compartilha uma
rarefeita elegância delicada com o americano Jackson. Eles olham um para o
outro em uma cultural troca entre locais de nascimento – uma reunião entre
matriarca e exilado.” Na verdade, enquanto alguns tentam persegui-lo e matá-lo
pelos avanços dele, ela o vê por quem ele é, e o ama. A prolongada cena de
dança sincronizada na ponte da música – a qual incorpora elementos de dança
tribal, e poses hieroglíficas, com hip-hop
mais contemporâneo – mais que reforça a ideia de identificação racial e
cultural. Ainda que ele seja “diferente”, como o vídeo parece sugerir, ele é um
deles. A mensagem implícita para os espectadores é que identidade racial é
muito mais que pigmentação da pele: é sobre compartilhar danças, músicas e
histórias.
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