3.
SPEED DEMON
(Escrita e composta por Michael
Jackson; produzida por Quincy Jones; engenharia de som por Ken Caillat e Tom
Jones. Arranjos rítmicos por Michael Jackson e Quincy Jones. Arranjos vocálicos
por Michael Jackson. Arranjos de sintetizadores e instrumentos de sopro por
Jerry Hey. Programação de bateria: Douglas Getschal. Vocal solo, background e sintetizados:
Michael Jackson. Programação de sintetizadores: Eric Persing. Solo
de Midi Saxofone: Larry Williams. Baterias: Miko Brando, Ollie E. Brown, e John
Robinson. Guitarras: Bill Brottel e David Williams. Saxofone: Kim Hutchcroft.
Trompetes: Gary Grant e Jerry Hey. Percussão: Ollie E. Brown e Paulinho Da
Costa, Synclavier e efeitos; Christopher Currel. Sintetizadores: John Barnes,
Michael Boddicker e Greg Phillinganes)
“Speed Demon” ilustra
perfeitamente o conceito de cápsula de sonho do álbum Bad. A música retrata uma emocionante perseguição de carro, na qual
o personagem de Jackson procura deixar para trás um oficial “quente nos rastros
dele”. Essa é uma música sobre escapar da restrição e confinamento da sociedade
e entrar em um mundo de excitamento, liberdade e imaginação. Alguns críticos
apontam para a faixa como um exemplo da suposta tendência de Jackson, no álbum,
para escapismo superficial e ingênuo (All
Music Guide a reduziu a mecânico “produto de estúdio”, enquanto a Rolling Stone a esnobou como um
“engraçado pequeno conto poderoso”). Ela é, na verdade, uma das mais eloquentes
expressões artísticas do álbum, revelando sutis, mas profundas, dicas sobre o
que ele queria que a música dele alcançasse, enquanto experimentando,
corajosamente, com sons.
Sonoramente,
a música usa um motor acelerando, ritmo constante e linhas rápidas para simular
a experiência de correr em um carro. Para um ouvinte atento, a intricada batida
das divisões da música gera um efeito crescendo/diminuendo para ressaltar a
sensação de movimento e poder. “Em um ano no qual ‘ I Wanna Dance With
Somebody’, de Whitney Houston, e ‘(I’ve Had) The Time of My Life’, de “Dirty
Dancing, dominam as ondas sonoras”, observou Andy Roberts, da Vini, ‘Speed
Demon’ soa positivamente vanguardista… enquanto um padrão de bateria e
sintetizadores, brilhantemente, comunica o som de mudar para as engrenagens de
uma motocicleta sexualmente motivada”. A performance vocálica de Jackson – muda
de áspero nos versos para o falsete lamentoso na ponte – atrai elogios, da
mesma forma: “Há um grande cantor trabalhando aqui”, observou Jay Cook, do Times, “fazendo acrobacias vocálicas... que
são ágeis e fantásticas, como qualquer passo de dança dele”.
Jackson,
supostamente, escreveu a música depois de receber uma multa por correr no
caminho para o estúdio. Quincy Jones o desafiou a tornar a experiência em
música. A resposta criativa de Jackson não apenas oferece um enérgico cenário
de perseguição de carro, mas também uma janela dentro da natureza do
“escapismo” em si. O carro tornou-se um símbolo da imaginação, enquanto o
oficial representa a autoridade repressora. O mundo que ele está deixando para
trás é aquele no qual ele se sente prezo, alvejado, visado, e sufocado. “Você
prega sobre minha vida como se você fosse a lei”, Jackson canta antes de
denunciar essa socialização e passar a uma marcha acelerada “Vai! Vai! Vai!”,
ele grita enquanto deixa o oficial na poeira.
Durante
a música, porém, o policial, repetidamente, tenta punir o narrador corredor
dizendo: “Dessa garoto/Pegue a sua multa”. A terminologia diminutiva claramente
carrega conotações raciais. Na verdade, todo o cenário – um (presumível)
oficial branco manda um homem negro encostar o carro, enquanto,
condescendentemente, o chama de “garoto” – carrega profundas implicações, que
somente começam com discriminação racial. Jackson parece estar indicando um
completo sistema social de constrição e limitação.
No
satírico vídeo para a música, dirigido pelo vencedor do Oscar e aclamado
inventor Will Vintor, Jackson é multado pelo oficial, não por correr, mas por
dançar. Em outras palavras, um ato aparentemente inofensivo de expressão
pessoal é punido. Em muitos outros lugares, o vídeo levanta críticas sociais,
enquanto Jackson se transforma em uma alterego (um coelho) e foge de multidões
de loucos turistas, paparazzi e
polícia. Em um ponto, quando ele se esconde atrás uma Estátua da Liberdade
animada, ela observa uma cena frenética: “Terra da liberdade, terra dos
estranhos”.
Na
música, portanto, quando o personagem de Jackson diz que ele está “guiando para
o litoral”, ele está falando de cruzar um figurativo liminar, de deixar a
insanidade e autoridade da sociedade para trás e entrar em um mundo alternativo
de expressão e imaginação desinibidas. “Mente é como um compasso”, Jackson canta,
“eu não posso parar por nada”. Uma vez nesse veículo, ele está liberado para
vaguear onde que eu a mente o leve.
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