7.
MAN IN THE MIRROR
(Escrita e composta por Siedah
Garrett e Glen Ballard, produzida por Quincy Jones. Arranjos rítmicos por Glen
Ballard e Quincy Jones. Arranjos de sintetizador por Glen Ballard, Quincy Jones
e Jerry Hey. Arranjos vocálicos por Andraé Crouch. Vocais solo e background:
Michael Jackson, apresentando Siedah Garrett, o Winans (Carvin, Marvin, Michael
e Ronald), e o Coro Andraé Crouch. Palmas: Ollie E. Brown.
Guitarra: Dan Huff. Teclado: Stefan Stefanovic. Sintetizadores:
Glen Ballard e Randy Kerber)
Embora alguns críticos tenham sido lentos em
reconhecer a ela o lugar de direito entre as gravações elites da música
popular, “Man in the Mirror” destaca-se como clássicos como “Imagine” de John
Lennon, “What’s Goin’ On”, de Marvin Gayes, e “Let It Be”, dos Beatles, como um dos maiores hinos
sociais de era moderna. Uma fusão gospel apaixonada, inspirada, que chama por
mudança social e individual, ela não é apenas a obra central de Bad, mas também uma das realizações
coroadas da carreira de Jackson. A revista Times
a chamou de “um dos mais poderosos vocais (dele) e sensível declaração social,
sem mencionar o melhor uso de um coro gospel em uma música pop em todos os tempos”. Após a definitiva morte de Jackson, no
verão de 2009, foi a “Man in the Mirror” (assim como “Imagine” de John Lennon)
que as pessoas mais se voltaram. Mais de vinte anos depois da estreia dela, ela
alcançou o #1 no iTunes e outros sites de música em todo o mundo. “Essa, mais que
qualquer outra”, observou Paul Lester, “foi a música a qual foi dada um novo
sopro de vida através da morte dele, pela demanda do público”.
“Man in the Mirror” foi
escrita durante as últimas sessões de Bad.
“Siedah [Garrett] e eu a escrevemos para ele diretamente”, recorda Glen
Ballard. “Quincy disse ‘Vocês não têm nada para nós? ’ Assim, Siedah escreveu
‘Man in the Mirror’ no sábado à noite, na minha casa, em Encino. Nós não
tivemos a chance de enfeitá-la, portanto, eu não sentia que ela tinha uma
chance, mas Quincy a tocou para Michael e ele disse: ‘Faça uma faixa’”.
Jackson pegou a música
imediatamente; nos ensaios, ele começou a sentir o caminho dele para dentro do
ritmo dela, as palavras e o significado, intuitivamente lapidando e
modelando-a. “A canção foi este realmente mágico momento e ela tinha tudo a ver
com a interpretação vocálica de Michael”, recorda Ballard. “Nos últimos dois
minutos, [ele] começou a fazer estes encantamentos: todos os ‘shamons’ e ‘oohs’.
Ele seguiu este caminho por si mesmo. Nós, certamente, não poderíamos ter
escrito isso... houve todos aqueles estranhos intervalos nas harmonias
vocálicas que tínhamos escrito e Michael entendeu isso totalmente, ele sentia
música em essência... Ele era tão cheio de alma e ritmicamente sofisticado...
Ele sabia como cantar com perfeição.”
A música começa com uma
calma confissão: com mínimo acompanhamento, Jackson estala os dedos dele e
canta quase a cappella. “Eu farei uma
mudança, de uma vez por todas em minha vida.” “Aqui”, observa Thom Duffy, “as
fantasias encontram outro lugar em Bad,
dando lugar ao realismo e uma chamada por autorreflexão e ação social”.
Gradualmente, com cada verso e refrão, a energia desenvolve, enquanto ele olha
para os problemas do mundo e, então, volta para si mesmo. “Eu tenho sido uma
vítima/ De um tipo de amor egoísta”, ele canta.
É tempo de eu perceber
Que há pessoas sem casa
Sem um níquel para emprestar
Eu poderia realmente
Fingir que eles não estão sozinhos?
A música apresenta um
forte conhecimento da cumplicidade passiva dele – e por extensão, a dos
ouvintes – sobre pobreza e do sofrimento de outras pessoas. Por “fingir que
eles não estão sozinhos” ou ignorar a realidade deles, ele se sente alienado da
própria identidade. O espelho serve, ironicamente, como um reflexo não apenas
do eu, mas também da forma como o eu foi distorcido e enganado por equivocados
valores culturais. Isso é uma corajosa e oportuna declaração no meio da então
chamada Me Decade da ganância, solipsism e materialismo.
Na verdade, enquanto
alguns críticos têm ridicularizado a música por ser tão intimista (John Pareles
do New York Times descreveu-a como “ativismo para eremitas”), essa
interpretação parece disposta a ignorar tanto a letra quanto o ponto gospel de chamada
e resposta. “Afirmações”, escreveu o crítico cultura Armond White, “são
facilmente forradas, mas Jackson, ingenuamente, canta a música como um
desafio... [O coro] não está afagando o ouvinte, mas cantando com uma força
jubilosa comunal”. O uso do coro, em outras palavras, simboliza solidariedade e
ação; a ação, no entanto, primeiro requer uma consciência individual e
determinação.
“Ninguém, desde Dylan”,
argumentou Davitt Sigerson, da Rolling
Stone, “tem escrito um hino de ação comunitária que tem movido tantos como
‘We Are the Wolrd’ de Michael Jackson (e Lionel). E tais planos grandiosos não
podem ter êxito sem o primeiro, privado passo que Jackson descreve aqui”.
Na verdade, Jackson
canta sobre desabrigados, pobreza e injustiça; ele canta sobre “sonhos
desbotados”; ela canta sobre olhar para o exterior, então, para o interior,
daí, para o exterior novamente. Uma vez que vemos as coisas como elas são, uma
mudança definitiva é realizada; ele sugere que nós temos a chance de mudar o
mundo. Enquanto a música prossegue, a culpa dele (e a dos ouvintes)
transforma-se em resolução, convicção e determinação. “Eu estou começando com o
homem no espelho”, ele canta, “e eu estou pedindo a ele que mude os seus
modos”.
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Me Decade foi um termo usado por um novelista americano para descrever o que a época em que os americanos demonstravam-se egoístas e passivos, voltados para sim próprios.
Solipsism é uma palavra que vem do Latim e significa que a única realidade que existe é o Eu.
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