11.
LEAVE ME ALONE
(Escrita e composta por Michael
Jackson. Arranjos rítmicos e vocálicos por Michael Jackson. Vocal solo e
background e sintetizador vocálico: Michael Jackson. Programação de bateria e
sintetizadores: Larry Williams. Guitarra: Paul Jackson Jr. Synclavier e
programação de sintetizadores: Casey Young. Sintetizadores: Greg Phillinganes)
Por causa das limitações
de espaço “Leave Me Alone” apareceu apenas na versão CD de Bad. Mas essa
música, intricadamente arranjada, é, ainda, outro tour de force audiovisual, com o satírico vídeo, vencedor do Grammy Awards, iluminando, ainda mais, a
mensagem contundente da música. “Eu trabalhei duro na música”, Jackson recorda,
“empilhando vocais no topo de cada uma das camadas de nuvens”. Ele também
trabalhou duro no vídeo, o qual tomou mais de seis meses de vinte e cinco
pessoas, para ser realizado à satisfação do cantor. Rolling Stone chamou a música de “Vintage Michael” com “um lote de cordas espessas para Jackson
repetir várias vezes”, criando uma “mais sombria inversão de ‘The Way You Make
Me Feel’”. Stephen Thomas Elerwine, da All
Music Guide, proclamou-a a melhor música do álbum.
Enquanto
essa distinção é discutível, “Leave Me Alone” é, certamente, a resposta mais
corajosa de Jackson, àquele momento, às legiões de críticos dele. Por anos, a
imprensa – mainstream e tabloides, do
mesmo modo – alimentou-se de Michael Jackson, como de nenhuma outra estrela pop na história. “Leave me Alone” é a
expressão de exasperação dele em relação à mídia e ao público, que se tornaram
insaciáveis.
No
vídeo musical, Jackson, astuciosamente, opta por humor e sátira, em vez de
autopiedade. Dirigido (com a contribuição de Jackson) pelo revolucionário Jim
Blashfield, o curta metragem apresenta a complexa vida de Jackson em forma de
uma passeio em um parque de diversões. “Enquanto zombando os mais selvagens
rumores dos tabloides sobre a vida da estrela”, escreveu o crítico Jim Farber,
“Blashfiled oferece inesperada introspecção no psicológico de Jackson. Ele
reconstrói dois Jacksons aqui – um, uma criança endiabrada; o outro, um gigante
estilo Gulliver, preso em um labirinto de montanha russa e sessões de calhas.
Com humor e empatia, ele o retrata como um adulto escravizado em fantasias
infantis”.
Mas
Jackson não é meramente retratado como um escravo das próprias fantasias. Por
todo o filme, ele canta a partir de várias representações de consumo capitalista:
jornais, nota de dólar e reconstruções de histórias de tabloides (inclusive
dormindo em uma câmera hiperbárica e dançando com os ossos do Homem Elefante).
É uma inteligente crítica da exploração grosseira, de uma casa de diversões
pós-moderna de distração e ilusão, na qual Jackson é, paradoxalmente, vítima e
participante. Ele é o peixinho dourado preso no anzol e o artista de espetáculo
secundário que, todavia, quer entreter.
No
fim do vídeo, um Jackson, literalmente maior que a vida, preso entre inúmeras
atrações de festival (à la As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift), como
cachorros em ternos corporativos impecavelmente pregando estacas no chão para
prendê-lo. Finalmente, porém, ele teve o bastante. Ele começa e perceber o que
ele tinha se tornado (ou, pelo mesmo, como ele está sendo percebido e
explorado) e quebra todas as cordas que o estavam amarrando. Quando ela se
levanta, ele quebra a montanha russa e outros brinquedos próximos e olha em
volta, pensativamente, para a cena circense que o cerca. O vídeo termina aqui,
deixando o próximo passo de Jackson intencionalmente ambíguo. Não se sabe se
ele deseja ou pode, sequer escapar completamente do circo que se tornou a
realidade dele.
Uma
fascinante exploração da cultura contemporânea, identidade, celebridade e
imprensa, Leave Me Alone é uma dos
mais agudos e provocativos vídeos de Jackson. Também era um revelador vislumbre
do que estava à frente.
Outras Notáveis Canções da Era Bad
0 comentários:
Postar um comentário