7. SHE’S
OUT OF MY LIFE
(Escrita e composta por Tom Bahler; produzida por
Quincy Jones. Arranjos de cordas por Johnny Mandel. Vocais guias e backgrounds:
Michael Jackson. Baixo: Louis Johnson. Guitarra: Larry Carlton. Teclado: Greg
Phillinganes. Concerto principal: Gerald Vinci)
Em
forte contraste com a leve “Girlfriend”, “She’s Out Of My Life” é
uma faixa marco de Jackson, que deu a Off The Wall uma
dimensão diferente. Quincy Jones, inicialmente, pensou em dar a música a Frank
Sinatra e hesitou em dá-la a Michael Jackson. “É uma emoção muito madura”,
Jones recorda. “Você pode sentir a dor nela.”
A
canção era diferente da maioria do material mais otimista e promissores que
Jackson tinha feito com os irmãos dele, e Jones não tinha muita certeza se
Jackson estava pronto para isso. Jackson, porém, há muito demonstrava a
habilidade dele em comunicar fortes emoções, mesmo quando garotinho (incluindo
músicas como “Who’s Lovin’ You”, “I’ll Be There” e “Ben”). Ainda assim, a
conexão dele com “She’s Out Of My Life” surpreendeu a todos, incluindo a ele
mesmo.
A
música começa com um prelúdio atmosférico, orquestral, antes de Jackson surgir
com os vocais puros e melancólicos dele: “Ela está fora da minha vida...”
Alocada no meio de um álbum de dance musics
celebrativo, que é o oposto, o efeito é mais que marcante. Com desarmadora
autenticidade, ele faz com que o ouvinte sinta cada palavra da balada
super-romântica no estilo Brodway-soul de Tom Bahler. Isso forçou os
críticos céticos a reconhecer Off The Wall como mais que um álbum disco
superficial. O crítico musical Larry Carlton descreveu-a como uma “balada
assombrosamente linda”. “(Jackson) assumiu grandes riscos emocionais”,
adicionou Stephen Holden na análise dele na Rolling Stones,
de 1979, “e venceu todas às vezes”. Na verdade, a voz dele, talvez, nunca tenha
soado tão vulnerável. “Eu não sei se rio ou choro”, ele canta. “Eu não sei se
vivo ou morro.” Era a primeira vez, como adulto, que Jackson parecia desnudar
parte da alma dele. “(Ela) se tornou uma assinatura de Jackson, assim como ‘My
Life’, foi para Frank Sinatra”, observou o crítico musical Nelson George.
“A vulnerabilidade, virgindade ou fragilidade, que se tornariam características
da pessoa de Michael, encontrou, talvez, a mais rica expressão nesta
melancólica balada.”
Enquanto
gravava a canção, as palavras e a música tiveram um efeito tão forte em Jackson
que ele não pôde terminar sem chorar. “Eu tinha deixado muito coisa crescer
dentro de mim”, ele recorda. “Eu tinha vinte e um e eu era tão rico em algumas
experiências, enquanto era pobre em momentos de pura satisfação... Eu me lembro
de enterrar meu rosto em minhas mãos e escutar apenas o ruído das máquinas,
enquanto meus soluços ecoavam no estúdio.” Quincy Jones e Bruce Swedien, que
estavam no estúdio com Jackson, ficaram surpresos por ele sentir a música tão
profundamente. “Ele chorou no final em todas as tomadas”, Jones se recorda.
“Nós gravamos cerca de 8 a 11 vezes, e em cada uma, no final, ele estava
chorando. Então, finalmente, eu disse, ‘hey, isso deveria ser assim, deixe isso
lá. ’” Eles, eventualmente, ficaram com a primeira gravação.
Nesse
ponto, o único verdadeiro relacionamento público de Jackson tinha sido com a
atriz infantil vencedora do Oscar, Tatum O’Neal, e é possível que a forte
reação emocional à música tenha sido, parcialmente, com ela em mente. Ela foi,
nas palavras dele, o “primeiro amor” dele, mas o relacionamento não durou. (Em
uma entrevista com a revista Vibe, Tatum tardiamente admitiu: “Ele me
convidou para ir a Première do filme The Wiz com ele, mas meu agente,
naquela época, disse que não era uma boa ideia, talvez porque ele sentisse que
ele não era uma estrela grande o suficiente, ainda. Ele nunca falou comigo
depois disso. Eu penso que ele pensou que eu apenas cancelei, mas não fui eu,
absolutamente. Eu era uma criança fazendo o que me mandavam fazer. Eu quero que
você publique isso, porque eu penso que ele nunca soube disso. Eu perdi contato
com ele por causa disso, portanto, eu não o conheço mais, realmente. Mas eu o
amo; ele é uma das pessoas mais legais, mais inocentes, que eu já conheci. Eu
adoro ‘She’s Out Of My Life’, porque eu acho que ela descreve nosso
relacionamento naquele tempo”.).
Mas
para Jackson, a ressonância emocional da música vai além de relacionamentos.
Naquele tempo, nas palavras dele próprio, ele era “uma das pessoas mais
solitárias do mundo”. Tendo crescido em um aquário da fama, as únicas pessoas
que ele realmente conhecia era a família dele e as pessoas com quem ele
trabalhava profissionalmente. Intimidade real era algo que ele ansiava, mas
simplesmente não sabia como ter. Ele mantinha isso “trancado no fundo”, como a
letra da música coloca, até que fosse “tarde demais”. “She’s Out Of My Life”,
Jackson mais tarde refletiria, “é sobre saber que as barreiras que me separam
dos outros estão tentadoramente baixas e parecem fácil de saltar, no entanto,
elas continuam lá, de pé, enquanto o que eu realmente desejo desaparece da
minha vista”.
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