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domingo, 28 de outubro de 2012

Man In The Music: Introdução VI "Cantando Além da Linguagem"



CANTANDO ALÉM DA LINGUAGEM
Embora este livro reconheça as contribuições da dança e dos filmes de Jackson, porém, ele enfatiza o trabalho dele como cantor e compositor. Talvez, em parte, porque as habilidades de Jackson nessas outras áreas, as habilidades notáveis dele como vocalista e compositor são, muitas vezes, esquecidas. Há, sem dúvidas, uma variedade de razões para essa negligência, uma delas é que a avaliação do trabalho de Jackson é muito diferente da de um cantor tradicional, como Bruce Sprinsteen e Bob Dylan. Com Dylan, as melodias estão quase sempre na frente e centradas em avaliações críticas; no entanto, para Jackson, elas podem ser, muitas vezes, auxiliares ou, pelo menos, uma das tantas mídias a considerar. Na verdade, mesmo nas vocalizações dele, parte do distintivo estilo de Jackson é a habilidade dele de transmitir emoção sem o uso da linguagem: há as características engasgadas, suspiros, grunhidos, gritos, choros e exclamações, ele, também, frequentemente, fala de forma tão rápida, torce e contorce a palavra, até que fique praticamente indecifrável. A ideia é fazer a audiência “sentir” a música com impressão dos sentidos, em vez de focar inteiramente nas palavras. Tal “impressão”, é claro, pode ser mais difícil de analisar.
                                                                
O método mais instintivo de Jackson foi algo que ele aprendeu assistindo os maiorais do funk, soul e rythm and blues. Mas ele desenvolveu um estilo que era inegavelmente dele próprio. Era uma voz que, brilhantemente, evocaria emoções extremas, injetando as letras mais comuns com profundidade e emoção. “(Michael)”, observou Quincy Jones, “tem algumas das mesmas qualidades dos grandes cantores de jazz, com os quais eu trabalhei: Ella, Sinatra, Sassy, Aretha, Ray Charles, Dinah. Cada um deles tem esta pureza, esta canção fortemente marcada e que abre a ferida, que os empurram para a grandeza. Cantam esmagando a dor deles, curando as mágoas deles, e dissolvendo os problemas deles. Música é a libertação deles da prisão emocional”.

De um ponto de vista técnico, o amplo alcance de Jackson permitiu que ele se movesse de forma fluída por, aproximadamente, quatro oitavas (isso foi algo em que ele trabalhou muito duramente para alcançar, quando adulto, embora ele raramente empurrasse o alcance dele para além dos limites). Um tenor natural, o canto dele no tom mais agudo era suave e sublime, mas ele também podia ser efetivo nas notas mais baixas, ocasionalmente, até caindo para um barítono. Todos que trabalharam com ele comentam sobre a afinação perfeita dele. O treinador de voz  de longa data dele, Seth Riggs, maravilhou-se tanto com as habilidades quanto com a dedicação dele. Jackson, afinal de contas, era uma dos mais talentosos cantores infantis de todos os tempos. As pessoas, muitas vezes, pensam que foi fácil a transição dele para um cantor adulto, mas foi preciso uma enorme quantidade de trabalho e desenvolvimento. Ele teve que encontrar novas formas de abordar os sons e novas formas de empregar o conjunto de habilidades dele.

O que Jackson pode ter perdido em elasticidade juvenil, ele fabricou em criatividade e versatilidade. Atráves de Off The Wall, apenas, pode-se viajar do êxtase falseteado de “Don’t Stop Till You Get Enough”, ao calor sutil de “Rock With You”,  à original percussão de “Workin’ Day And Night”, à improvisação de jazz de “I Can’t Help It”, ao vulnerável sussurro de  She’s Out of My Life”. Em álbuns subsequentes, ele disparou sobre majestosos hinos ao lado de coros gospel, emitiu corajosos scratch vocais em “Dirty Diana” e “Give Into To Me” e implementou raps falados e beatboxing em muitas das faixas ritmo. “Jackson era um dançarino no coração”, escreveu o critico musical Neil McCormick, “e as proezas vocais dele expressavam-se alegremente dentro e em volta do ritmo. Ele gostava de fazer várias faixas com a propria voz, de modo que ele desfiava a própria voz, perguntando e respondendo a si mesmo. Eu, muitas vezes, pensei que esta era uma daquelas vozes que se destacaria em qualquer contexto, o que você não pode dizer de muitos cantores pop, atingindo um espaço que está, emocionalmente, direto no fundo, mas é quase mais que humano, transcendendo todas as divisões, da mesma forma que, às vezes, um supercantor mundial pode, além da linguagem, em música pura”. Isso, na verdade, foi o que ele objetivou alcançar com o canto dele. Escute ao choro sem palavras de Jackson em “Earth Song” ou nos scatting dele na inacabada “In The Back”. Palavras não são necessárias, a emoção profunda é demonstrada perfeitamente na apresentação dele. A voz dele é música.




                                                 
Cantar, como Quincy Jones colocou, era a “libertação” de Jackson da “prisão emocional”.
     
                                      

































                          






Nota da tradutora:
Scatting: cantar apenas sons, sem palavras.




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